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A pesca desenfreada pode ser mais prejudicial a ecossistemas marinhos que a poluição, alertou a diretora-geral da organização não governamental Oceana no Brasil, Monica Peres. Esta segunda-feira, comemora-se o Dia Internacional dos Oceanos.
A responsável descreve que muitas pessoas pensam que os oceanos têm uma distribuição uniforme das formas de vida em toda a sua extensão quando, na verdade, há grandes agregações de seres vivos em espaços restritos e áreas gigantescas sem vida. Assim, quando a pesca é feita de forma inadequada nessas áreas em que a vida se concentra, o equilíbrio dos ecossistemas é ameaçado.
“Às vezes, a pesca é feita para retirar uma espécie que é abundante, mas agregada vem uma espécie que vive muitos anos, que fica adulta muito tarde, que tem poucos filhotes. Essas espécies mais vulneráveis não suportam a intensidade de pesca que a espécie-alvo suporta”, afirma a investigadora, destacando que é preciso proteger as espécies que são pescadas e usadas como alimento e as demais, que quando acabam por cair nas redes de pesca são devolvidas mortas ao mar sem que haja qualquer benefício com isso.
“Precisamos respeitar a capacidade dessas populações de se reporem. Toda a extração de recursos vivos precisa ser feita dentro da capacidade do organismo de se repor”.
A especialista alerta ainda que “a pesca intensiva e não vigiada, acima da capacidade das espécies se reporem, é um impacto talvez maior que o da poluição“.
Ações de preservação e de gestão, na visão da investigadora, servirão também para que os ecossistemas marítimos sejam mais capazes de resistir às mudanças climáticas no planeta.
“O que se sabe hoje é que os ambientes marinhos e oceânicos serão os mais afetados pelas mudanças climáticas”, afirma.
Mudanças nas temperaturas, explica Monica Peres, podem provocar alterações, por exemplo, nas correntes marítimas e na disponibilidade de oxigênio e nutrientes na água. A falta de sódio, por exemplo, poderia levar à morte de corais.
