Perversão ou método: o que leva os assassinos a querer conhecer as vítimas?

O que é que leva um assassino a familiarizar-se com as suas vítimas antes de as atacar? Trata-se de um comportamento perverso e fetichista ou é um ato puramente metódico?

Num artigo publicado recentemente no Grunge, o jornalista Luke Holden debruçou-se sobre o tema. Como notou o repórter, há vários casos documentados de assassinos que assistem aos funerais das suas vítimas.

Um dos casos é o de Jeffrey W. Scullin, Jr., que assassinou a futura sogra, Melinda Pleskovic, em 2017. Este chegou mesmo a transportador o caixão da vítima e fingiu imensa tristeza perante as autoridades.

Em 1985, Karen Severson, de 17 anos, assistiu ao funeral da sua melhor amiga, desfeita em lágrimas, embora mais tarde se tenha descoberto que era a responsável pelo seu assassinato. Karen matou Missy Avila, também de 17 anos. Foi presa e condenada, mas acabou por ser libertada em 2011.

Em 2011, dados analisados pelo FBI: UCR revelaram que cerca de 54,3% das vítimas de homicídio conheciam pessoalmente os seus assassinos e 24,8% foram mortos pelos próprios familiares.

A natureza de tais homicídios varia. Por vezes, é apenas um crime passional entre partes conhecidas que resulta na morte de um ou outro. Outras vezes, é um sistema de gato e rato meticulosamente bem pensado, que envolve aprender o máximo que se pode sobre a vítima antes da agressão.

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, na maior parte dos crimes de natureza não letal (violação, roubo, e agressão), os indivíduos não conheciam as vítimas antes dos ataques.

Em 2017, os corpos de Abigail Williams, de 13 anos, e de Liberty German, de 14 anos, foram descobertos em Delphi, no Indiana. O seu provável agressor – que permaneceu em liberdade durante cinco anos antes de ser detido – é Richard M. Allen. De acordo com a CNN, as autoridades de Indiana mantêm segredo sobre a forma como este foi detido. O julgamento ocorre nos próximos meses.

O que foi tornado público, contudo, é o facto de Richard aparentemente conhecer as vítimas. A CNN relatou que o homem, de 50 anos, ajudou a imprimir as fotografias para o funeral. “Entrei na loja para imprimir fotos de Libby para o funeral e foi ele quem me ajudou”, contou Tara German, tia da jovem. “Eu estava confusa, a tentar tirar as imagens do meu telefone. Assim que foram impressas, ele olhou para mim e disse: ‘Não vou cobrar-te por isto'”.

Um outro caso é o assassinato de Michael e Angela Hockensmith e do seu parceiro de negócios, Daniel P. Smith. De acordo com o Courier-Journal, os três residentes do Kentucky tinham concluído uma transação comercial em 2013, deixando Kenneth A. Keith, um quarto elemento, fora da equação. Este terá alvejado as três vítimas perante os olhos dos filhos dos Hockensmiths antes de fugir.

“Toda a gente está em estado de choque. Ele [Keith] estava no funeral”, disse o irmão de Michael, Tony, ao Lexington Herald-Leader. Segundo o Clinton Herald, Kenneth era o pastor da Igreja Batista em Burnside e ofereceu conforto durante os procedimentos fúnebres. Mais tarde, foi detido e condenado pelos assassinatos e acabou por se declarar culpado. Cumpre atualmente uma pena de prisão perpétua.

ZAP //

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