Perder gordura na barriga com comprimidos. Não, não há milagres

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Muitos anúncios e publicidades apelam a comprimidos, chás ou outros métodos para perder a gordura na barriga, quase como uma solução milagrosa. Mas até a ciência provar o contrário alimentação saudável é a chave.

À medida que o corpo humano envelhece, queimar gordura torna-se um processo bem mais lento, mesmo tendo uma vida com exercício e alimentação saudável.

O corpo humano armazena gordura, parte dela mesmo debaixo da pele — gordura subcutânea — e outra parte à volta dos órgãos — gordura visceral ou gordura do ventre.

Segundo a Science Focus, desta maneira, na zona da barriga existe gordura subcutânea — o tal “pneu”. Esta gordura também está presente debaixo dos músculos do estômago (gordura visceral) que se acumula à volta de vários órgãos.

Esta gordura não é percetível, até existir acumulação suficiente para empurrar a barriga para fora, no entanto pode ser muito mais prejudicial para a saúde do ser humano do que a gordura subcutânea.

Em corpos mais velhos, a gordura visceral agarra-se especialmente bem, embora o sexo também desempenhe um papel importante.

“Mesmo em homens e mulheres magros e saudáveis, os homens têm o dobro da gordura visceral que as mulheres”, diz o Dr. Michael Jensen, um especialista em tecido adiposo (gordura corporal) na Universidade de Rochester, Minnesota.

“Ao subirmos a escala da obesidade, os homens são definitivamente os reis da gordura visceral”.

Décadas de investigação científica sugerem que o excesso de gordura visceral pode estar ligado a problemas de saúde como a resistência à insulina e à diabetes. A resistência à insulina é um estado pré-diabético em que o corpo responde menos bem à insulina hormonal, o que nos ajuda a manter níveis normais de açúcar no sangue.

Jensen diz que é pouco provável que tenha demasiada gordura visceral, a menos que algo já tenha corrido mal com as suas outras reservas de gordura.

Os investigadores também começam agora a analisar as diferenças na atividade genética nos tecidos adiposos que podem explicar porque é que algumas pessoas desenvolvem mais gordura na barriga do que outras.

A Dra. Jordana Bell e Colette Christiansen do King’s College London, publicaram um estudo em Julho deste ano na Genome Medicine, onde utilizaram dados de gémeos sobre alterações epigenéticas no nosso ADN — alterações químicas no ADN resultantes de estilos de vida que não afetam o próprio programa.

Por outras palavras, o que se come podia aumentar o indicador naqueles genes particularmente associados ao acumular nos quilos à volta da cintura.

O que torna a gordura da barriga tão difícil de desaparecer?

“Há quem pense que as células de gordura visceral são mais calorosas — vivem mais tempo do que as células de gordura subcutânea”, diz Jensen.

Pesquisas realizadas na Universidade de Sydney, publicadas em 2021 na Cell Reports, sugerem que pode haver um “sinal de preservação” único para as células de gordura visceral que é desencadeado por repetidas tentativas de jejum, o que significa que em algumas dietas, tentar perder peso apenas encoraja a barriga a agarrar-se à sua gordura.

Há também estudos que sugerem que as células imunes em tecido adiposo podem ser parcialmente responsáveis pela gordura do ventre e por alguns dos problemas de saúde associados a esta.

Então à medida que se envelhece, estas células imunitárias envelhecem também, e não se podem acumular especificamente em gordura visceral, enviando sinais que desencadeiam inflamações e geralmente comportam-se de forma errada, interferindo com o nosso metabolismo.

Não é fácil, ou melhor, é praticamente impossível levar a cabo uma dieta e exercício físico só para a barriga. Segundo o que diz Jensen, a melhor aposta é um plano de perda de gordura em geral — qualquer coisa que crie um “balanço energético negativo”.

Em suma, não há uma solução mágica para expulsar a gordura da barriga, independentemente do que passam algumas publicidades com chás ou remédios milagrosos.

Assim, até a ciência revelar mais sobre o que a causa, tudo o que se pode fazer é dieta adequada a cada um e às suas necessidades e exercício físico.

Inês Costa Macedo, ZAP //

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