Pénis falsos e 70 horas a fazer amor: a bizarra vida sexual dos insetos

Um clitóris com espinhos ou uma “colher” de remoção do esperma rival fazem-nos refletir sobre o quão limitada é a sexualidade humana.

A sexualidade animal é um mundo surpreendentemente diversificado e envolve comportamentos que ultrapassam muitas vezes as capacidades da imaginação humana.

São várias as estratégias reprodutivas intrincadas — e muitas vezes bizarras — do mundo animal, mas quando pensamos nelas, não são os seus protagonistas que nos vêm à cabeça.

A verdade é que os insetos têm comportamentos sexuais fascinantes que incluem práticas como monogamia, poligamia e poliandria. A diversidade estende-se às próprias estruturas genitais: há espécies com pénis duplos e até clitóris com espinhos que nos fazem questionar o quão limitada é a sexualidade humana.

Em “Sexus Animalis“, a investigadora Emmanuelle Pouydebat leva-nos numa viagem à diversidade sexual do reino dos insetos, partilhada pelo Popular Science.

O pénis falso dos piolhos

Um dos exemplos mais impressionantes que Pouydebat nos mostra é o da espécie de piolhos-de-casca, (Neotrogla), encontrada em cavernas brasileiras.

Num raro caso de inversão de papéis, as fêmeas possuem um pseudo-pénis que usam para penetrar e extrair nutrientes e esperma dos machos.

Este extraordinário processo de acasalamento, que pode durar até 70 horas, é essencial para a reprodução da fêmea, especialmente devido aos recursos escassos do seu habitat.

O macho como refeição

Noutras espécies, as fêmeas exploram os machos de formas ainda mais dramáticas para obter recursos.

Grilos-fêmea de sálvia (Cyphoderris strepitans) consomem as asas do parceiro durante o acasalamento, enquanto mosquitos-fêmea da família Heleidae vão mais longe: digerem e consomem o macho por inteiro, retendo apenas os seus genitais para fertilização.

“Colher” de remoção de esperma rival

O processo reprodutivo da libelinha também é bastante intrigante — com um toque competitivo.

Os machos possuem um órgão reprodutivo em forma de colher, que usam para remover o esperma rival do corpo da fêmea. A remoção do esperma de outros machos garante uma maior chance de fertilização do seu material genético.

Além dos meios físicos, a guerra química também desempenha um papel na competição espermática entre várias espécies de insetos.

A diversidade e complexidade das estruturas genitais e comportamentos de acasalamento no reino animal são testemunhos do poder da evolução. Estas adaptações, muitas vezes bizarras e brutais segundo padrões humanos, são cruciais para a sobrevivência e sucesso reprodutivo em diferentes condições ambientais.

O trabalho de Pouydebat convida os leitores a reconsiderar o conceito de normalidade no comportamento e anatomia sexual. Ao destacar a extrema diversidade no mundo animal, a obra amplia nossa compreensão e apreciação das inúmeras formas como a vida na Terra se reproduz e evolui.

A sexualidade animal revela o mundo rico e complexo das estratégias reprodutivas da natureza, que vai muito além da experiência humana.

ZAP //

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