65 anos depois, é a primeira vez que um Presidente da República de Portugal visita o local onde 400 pessoas morreram, numa revolta instigada pelo ex-Governador-geral português, Carlos Gorgulho.
Naquele local, mais de 400 pessoas morreram às mãos de um português. O ex-Governador-geral, coronel Carlos Gorgulho, instigou os portugueses proprietários de terras em São Tomé a desencadearem uma onda de violência contra os africanos nativos.
O objetivo seria angariar mão-de-obra barata, ou até mesmo gratuita, para o seu programa de obras públicas mas, para esconder as suas verdadeiras intenções, Gorgulho forjou uma conspiração de africanos contra portugueses, que desencadeou a violenta repressão.
Nos autos de “confissão” dos presos, obtidos pelas forças de segurança coloniais, o engenheiro agrónomo Salustino da Graça do Espírito Santo era dado como o “chefe da revolução, seu instigador, preparador e futuro Rei da Ilha”.
Passaram-se 65 anos desde aquele fevereiro de 1953 em que as rusgas a casas eram constantes, as lojas incendiadas, e um campo de trabalho forçado, em Fernão Dias – o mesmo local onde está agora o memorial, com os mais 400 nomes inscritos. E nunca antes um Presidente da República de Portugal tinha visitado o local, segundo o Público.
Marcelo Rebelo de Sousa levou consigo um ramo de flores e um minuto de silêncio em homenagem a “todos os que lutaram pela liberdade e em particular todos os que morreram pela liberdade faz agora precisamente 65 anos”.
“Portugal assume a sua história naquilo que tem de bom e de mau, e assume nomeadamente, neste instante e neste memorial, aquilo que foi o sacrifício da vida e o desrespeito da dignidade de pessoas e comunidades. Assume essa responsabilidade olhando para o passado, mas ao mesmo tempo para o presente e o futuro”.
O Presidente da República não pediu desculpa, mas considerou o massacre “intolerável e condenável”: “Nem o facto de ter sido noutros tempos, com outras visões, nos isenta de reconhecermos todo o peso intolerável e condenável de sacrifício de pessoas e comunidades”. E no mesmo passo evocou, “com respeito e admiração, os que lutaram pela liberdade e os que perderam a vida nessa luta”.