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Peixe-leão ameaça vida marinha ao longo da costa brasileira

Desde que chegou ao norte do Oceano Atlântico, há menos de 30 anos, o peixe-leão tornou-se rapidamente uma das espécies invasoras mais difundidas e vorazes, impactando negativamente os ecossistemas marinhos – especialmente os recifes de coral -, desde a costa nordeste dos Estados Unidos às Caraíbas.

Uma equipa de cientistas encontrou, recentemente, quatro registos de peixe-leão na costa brasileira, uma descoberta que confirma, pela primeira vez, a invasão deste peixe predador no Atlântico Sul. Estes animais, naturais dos oceanos Índico e Pacífico, invadiram o norte do Atlântico e só tinham sido vistos uma vez no sul.

“Agora que sabemos que estão aqui, é imperativo descobrir como chegaram e trabalhar com as comunidades locais para manter a população sob controlo”, disse o coautor do estudo Luíz Rocha, citado pelo EurekAlert.

“Se não for controlado, o peixe-leão pode ter um grande impacto nas espécies locais, especialmente naquelas que vivem nos recifes que cercam as ilhas oceânicas do Brasil”, acrescentou.

Foram encontrados dois espécimes em recifes profundos, entre a região norte e nordeste, abaixo da pluma de água doce do Rio Amazonas. O terceiro foi descoberto no arquipélago de Fernando de Noronha, a 350 quilómetros da costa, e o quarto numa região mais subtropical.

Para conter a invasão antes que acelere, é fundamental saber como os animais chegaram à região. No estudo, os cientistas explicam que o peixe-leão encontrado nos recifes mesofóticos pode ter chegado à costa brasileira usando recifes mais profundos sob a pluma amazónica.

Já o espécime encontrado em Fernando de Noronha pode ter lá chegado através de meios mais convencionais, viajando ao longo das correntes. Uma vez que o arquipélago está distante do continente, a larva do peixe-leão pode subverter a fronteira oceânica que existe mais perto da costa.

O peixe-leão da costa sul estava muito longe das Caraíbas para ter chegado lá por dispersão ou salto de recife mesofótico, pelo que os cientistas sugerem que pode ter sido retirado das Caraíbas e introduzido nas águas brasileiras através do comércio de aquários.

A equipa pediu ao Governo brasileiro e às comunidades locais para conter a invasão dos peixes-leão. Manter o número da população baixo pode dar tempo às espécies locais para se adaptarem aos peixes vorazes e, assim, evitar a predação.

O artigo científico foi publicado este mês na Biological Invasions.

ZAP //

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