Tudo começou com a escolha do candidato socialista às autárquicas, mas há outras queixas a fazer ao partido, nomeadamente o “constante atropelo das regras básicas de democracia interna”.
Valdemar Alves era PSD. É o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande desde 2013, altura em que foi eleito pelos Sociais Democratas. Agora, concorre às autárquicas de 1 de outubro. Desta vez pelos socialistas.
O descontentamento foi grande e, de acordo com o Movimento de desfiliação agora criado, a escolha foi aprovada numa reunião da concelhia em que marcaram presença “apenas onze” membros e ainda assim a escolha não foi unânime com um voto contra.
A isto soma-se o “enorme desagrado gerado pelo facto de muitos militantes apenas terem tido conhecimento do nome do candidato do PS à Câmara Municipal de Pedrógão Grande pela comunicação social“.
Foram então estes os fatores que estiveram na base da fundação do Movimento de desfiliação.
Formalizado esta terça-feira por carta enviada ao presidente do PS, Carlos César, e à secretária-geral adjunto do partido, Ana Catarina Mendes, na sequência do “forte descontentamento que se vive atualmente na concelhia” e “com efeitos imediatos”, 31 militantes socialistas – de um universo total de 70 com participação política ativa e quotas pagas – pediram a desfiliação do partido.
O movimento de desfiliação do PS em Pedrógão explica numa nota que a decisão teve por base a recusa de “continuar a desempenhar o papel de meros pagadores de quotas, cuja voz não é ouvida, tida ou achada na tomada de decisão”.
Particularmente “no que se refere à designação dos candidatos do PS à Câmara Municipal de Pedrógão Grande”, onde, segundo estes militantes, as escolhas “eleição após eleição, não são da responsabilidade nem correspondem à legítima vontade dos militantes desta concelhia, mas sim de terceiros“.
Entre os vários militantes que já pediram a desfilição está António Salgueiro Batista, o fundador do partido naquele concelho. Mas o Movimento prevê que não fique por aqui.
Segundo as estimativas dos promotores do Movimento, nos próximos dias o total de desfiliações poderá aumentar, superando metade do universo de cerca de 70 militantes, avança o Expresso.
Natércia Coelho, atual presidente da mesa da comissão política concelhia de Pedrógão e uma das subscritoras da carta enviada à direção nacional do partido, garante que este não é um movimento de braço de ferro, nem uma tentativa de reverter a escolha do partido, mas sim uma decisão “irreversível”.
“Não é uma forma de pressão, mas sim uma exaustão. A decisão de desfiliação é irreversível. Não podemos continuar num partido que nos trata assim”, garante. Além disso, os subscritores da carta denunciam também a violação do “normativo legal estabelecido nos Estatutos do PS”.
“É de extrema gravidade e absolutamente lamentável” que já sejam conhecidos publicamente os nomes dos candidatos do PS à Câmara Municipal, à Assembleia Municipal e às Juntas de Freguesia “sem que os mesmos tenham sido aprovados em sede própria, ou seja, em reunião da comissão política concelhia”, algo que “contraria e viola o normativo legal estabelecido nos Estatutos do PS”.
“Não podemos continuar a assistir a um partido que funciona sem rei nem roque, sem estratégia, sem rumo, sem organização, vazio de ideias e ao sabor de vãs conjunturas, onde tudo vale para chegar ao poder, onde prevalece o tacho e o penacho, assente no constante atropelo das regras básicas de democracia interna”, lê-se na nota.
A desfiliação de mais de 30 militantes em Pedrógão Grande soma-se assim a um conjunto de problemas que o PS já teve em vários concelhos na sequência da escolha de candidatos às eleições autárquicas de Outubro.
Fafe, Barcelos, Matosinhos ou Vila do Bispo foram outros concelhos onde as escolhas impostas pela direcção nacional do partido chocaram com a pretensão das estruturas locais, motivando demissões, contestação local, desfiliações e até candidaturas autárquicas independentes no universo socialista.
O caso de Fafe, que conheço, é ainda mais caricato.
Os independentes candidatam-se pelo PS e os militantes do PS, apoiados pela concelhia local socialista, são “forçados” a candidatar-se como independentes.
António Costa esteve em Fafe e afirmou que o PS tinha, aqui, um só candidato. Não percebe ou não quer perceber a situação. No mínimo, faz tábua rasa da comissão concelhia do PS de Fafe que, largamente, apoia o seu candidato na condição de independente.
Tal como no tempo do Estado Novo, é em Lisboa e nos corredores do poder central que se pretende escolher os Presidentes de Câmara e administradores dos concelhos. Depois,vêem falar em democracia interna e em descentralização.
Esquece António Costa que o eleitorado está diferente e… imprevisível. Já não estamos no tempo do come e cala. Quero ver como vai digerir uma provável derrota, neste e noutros concelhos
Isto vem demonstrar neste concelho como o PS procura colmatar a falta de apoio e indiferença com que o governo lidou com este caso dos incêndios, agora alicia o presidente da câmara de outro partido este também com o mesmo carácter dos altos dirigentes do PS para assim segundo as suas ideias acalmar os ânimos no concelho desprezando por completo aqueles que por lá lhe têm sido fieis ao longo dos anos, vai mal de facto a política com tantos truques e falsidades pelo meio!.