Pedro Nuno Santos nega que tenha sido afastado das decisões sobre novo aeroporto de Lisboa e aceita fato de “executor”

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António Pedro Santos/LUSA

Pedro Nuno Santos em audição na Assembleia da República

Ministro das Infraestruturas diz que país deve aguardar tranquilamente o resultado das duas comissões acordadas entre o Governo e o PSD. 

Três meses após a polémica que envolveu Pedro Nuno Santos e António Costa, a propósito da solução aeroportuária Montijo-Alcochete, o ministro com a tutela das Infraestruturas nega que tenha sido afastado das negociações com o PSD ou que tenha perdido autonomia governativa. “Obviamente que participarei na decisão [sobre o novo aeroporto]. Isso faz parte das minhas competências, da área que tutelo.”

Na última semana, o Governo reuniu-se com os representantes do PSD numa tentativa de alcançar um acordo sobre esta matéria, sendo que do encontro saiu a decisão de se realizarem obras no aeroporto Humberto Delgado e criarem duas comissões responsáveis por elaborar uma avaliação ambiental estratégica sobre as localizações possíveis, tudo no espaço de um ano.

Na entrevista à RTP3, o ministro também adiantou que vai “estar em todos os processos de decisão“, mesmo que António Costa tenha assegurado que a sua participação no processo será essencialmente como um “executor” das decisões tomadas pelo chefe do Governo e pelo líder da oposição. Como tal, Pedro Nuno Santos diz estar “confortável com o fato” que lhe foi dado pelo primeiro-ministro. “Gosto de fazer e concretizar e quanto mais rápido melhor. E não sou só eu, sou eu, o Governo e o primeiro-ministro.”

Sobre o facto de o país estar perante um novo adianto de uma infraestrutura que todos entendem ser necessária, Pedro Nuno Santos diz que poderemos “estar a ganhar um ano“, sendo preciso “esperar tranquilamente as conclusões da comissão”. Ainda assim, não negou a sua esperança de “que cheguemos ao fim desta legislatura com este dossier já encaminhado de forma a não ter mais travagens“.

Relativamente às obras no aeroporto Humberto Delgado, o ministro das Infraestruturas reconhece que o executivo “tem essa questão resolvida e bem coordenada“.

O assunto do novo aeroporto também passou ontem pelo Parlamento, num debate de urgência pedido pelo Chega, com o partido de André Ventura a tentar aproximar PSD e PS, marcando-se como verdadeira oposição ao Governo. No final, os socialistas acabaram a elogiar dos sociais democratas e e acusar o Chega de estar a ter uma “crise de ciúmes” por causa da atitude “responsável” do PSD. André Ventura, por sua vez, carregou nas críticas a António Costa, mas também a João Leão, Fernando Medina e, sobretudo, Pedro Nuno Santos – o qual associou a um processo repleto de “irresponsabilidade, incapacidade, incompetência e cobardia”.

Entre as várias forças políticas, todas concordaram que o tema arrasta-se há demasiado tempo. Mesmo assim, as críticas também chegaram vindas da bancada comunista, com a deputada Paula Santos a acusar os dos principais partidos de decidirem “um novo adiamento para não concretizar a decisão que já está tomada há muito e consensualizada: a da construção do novo aeroporto no campo de tiro de Alcochete”.

Esta opção foi também lembrada por Joana Mortágua, deputada bloquista, que acusou PS e PSD de serem os responsáveis pelo atraso na obra. Já João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, criticou o adiamento do processo e a criação das duas comissões. “Temos o PS a adiar a decisão, a fingir que não tem nada a ver com todo o processo, a diabolizar os reguladores como a ANAC por cumprirem a lei, a querer partilhar as responsabilidades com o PSD não vá isto correr mal (e o PSD a aproveitar-se disso, e o Presidente [da República] a aparar os jogos do PS”, lamentou.

ZAP //

1 Comment

  1. O melhor mesmo é pôr o capacete…pode ser que tape a cara. Que vergonha…nunca tinha visto uma desautorização pública tão humilhante…

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