Timing “estranho”? Pedro Nuno explica compra de casas e “fará o contrário” de Montenegro

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José Sena Goulão / Lusa

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, presta declarações aos jornalistas no âmbito da averiguação preventiva do Ministério Público (MP), no qual é visado.

“Quem não teme não foge”, atirou o secretário-geral do PS pouco depois de a PGR confirmar a abertura de uma investigação preventiva em que o socialista é visado. Notícia tem ano e meio, mas denúncias são “recentes”. Documentação já está no site da campanha.

Em reação, poucas horas depois, à notícia de que a PGR abriu uma investigação preventiva em que é visado, o líder do PS publicou esta quinta feira toda a documentação relativa à compra das suas duas casas no portal do PS e disponibilizou-se para ser ouvido sobre este tema pelo Ministério Público.

No site da campanha, existem agora a secção “A verdade é pública”, onde se escreve que “quem não deve não teme”, frase que Pedro Nuno Santos proferiu numa reação na sede do PS, em Lisboa, sobre a notícia de que o Ministério Público lhe abriu uma averiguação preventiva sobre compra de duas casas que possui, em Lisboa e em Montemor-o-Novo.

“Quem não teme não foge”

O líder socialista afirmou que foi com “surpresa que soube pela imprensa” desta questão e disse estranhar a coincidência e o momento da divulgação da notícia.

“Foi com surpresa que soube da imprensa da abertura da averiguação com base em denúncias anónimas. Estranho, como todos os portugueses, a coincidência e o momento da divulgação da notícia”, disse o secretário-geral do PS.

“Sempre estive disponível para o escrutínio. Quando um político evita a todo o custo o escrutínio, a desconfiança aumenta. Não é o meu caso”, disse, garantindo que “amanhã, a documentação estará disponível no site” e que gostaria de ser ouvido pelo Ministério Público já a partir de quinta-feira.

Segundo o líder do PS, “quem não deve não teme” e “quem não teme não foge”. Pedro Nuno assegurou que não foge ao escrutínio e que está disponível para o mesmo, ao contrário do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que acusou de não o fazer.

“Não vou simular, como Montenegro, que entrego a documentação para fazer o contrário”, acusou.

Sinto-me, por estar disponível para todos os esclarecimentos, com autoridade para exigir que Luís Montenegro esclareça o que não esclareceu. Não se compreende por que continua a resistir em revelar todos os clientes”

Notícias tem ano e meio, mas denúncias são recentes

O Ministério Público (MP) abriu uma investigação preventiva na qual Pedro Nuno é visado, confirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR) na tarde desta quarta-feira. “Na sequência de receção de denúncias e tendo em vista a recolha de elementos, o Ministério Público determinou a abertura de uma averiguação preventiva”, referiu fonte oficial da PGR, sem adiantar mais detalhes sobre o caso.

O gabinete de imprensa de Amadeu Guerra confirma também que as denúncias são “recentes” — apesar de a notícia sobre a origem desconhecida dos fundos usados para adquiri os imóveis em causa já ter sido avançada pela revista Sábado em novembro de 2023 — mas não revela se foram feitas antes ou depois do chumbo da moção de confiança, que levou a eleições antecipadas, segundo o Expresso.

Na altura, era Procuradora-geral Lucília Gago, que não ordenou a abertura de qualquer inquérito ou averiguação preventiva.

As duas casas

De acordo com a Sábado, Pedro Nuno Santos, na altura secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, não declarou como pagou a casa em Telheiras de 740 mil euros, na qual residia na altura da notícia.

Foi comprada com a mulher, Catarina Gâmboa, em 2018, confirmou esta quarta-feira Pedro Nuno, com um sinal de 92.500 euros proveniente de duas contas, mais parte de conta conjunta. Outra parte terá sido financiada por um crédito bancário à habitação de 450 mil euros e o resto, veio a pronto da esposa.

“Este crédito foi abatido com o preço da venda da minha casa da Praça das Flores”, disse.

Dois meses depois, foi promovido a ministro das Infraestruturas e obrigado a apresentar uma nova declaração – na qual se terá constatado o desaparecimento da dívida ao banco. Pedro Nuno teria de apresentar outra declaração para explicar o desaparecimento da dívida, mas, segundo a Sábado, tal não aconteceu: “não sabia” que, ao trocar de mandato, tinha de apresentar uma declaração atualizada ao Tribunal Constitucional (TC), disse na altura o próprio à revista:

Em 2018, decidimos procurar uma nova habitação permanente, tendo, em simultâneo, iniciado as diligências para a venda da habitação identificada na declaração de 2015. Em 2018 adquiri, em copropriedade com a minha mulher, a nossa atual habitação permanente em Lisboa, tendo contraído, para o efeito, um crédito habitação em nome de ambos, no valor de 450 mil euros e o pagamento a pronto foi efetuado pela minha mulher. Formalizada, entretanto, a venda da primeira habitação permanente, foi liquidado (pelo valor que se mantinha ainda vigente) o crédito bancário associado a essa habitação“, esclareceu Pedro Nuno em novembro de 2023.

A segunda casa de Montemor-O-Novo, de 570 mil euros, comprada em fevereiro de 2022, terá sido financiada em parte (455.050 euros) por crédito da Caixa Geral de Depósitos e com sinal pago com a conta da mulher.

“A casa de Montemor-o-Novo comprei por 570 mil euros. Foi pago um sinal de 57 mil euros de uma conta da minha mulher e o restante foi pago da seguinte forma: 5 mil euros de uma conta da minha mulher, 508 mil de uma conta conjunta; sendo que desses 508 mil, 456 mil são resultado de um empréstimo que ainda hoje estou a pagar”, disse Pedro Nuno esta noite.

“Na altura respondi e emiti direitos de resposta. Não escondi nenhuma conta, revelei contas conjuntas, próprias, valores de venda, de compra, passivos, créditos à habitação, cálculos de IMI. Até as contas do meu filho de oito anos eu revelei“, terminou.

AD “não alinha” em denúncias anónimas

A AD garante que “não vai contribuir para que campanha seja marcada” pelo caso de Pedro Nuno.

“Somos o referencial da maturidade democrática do país. Não podemos desfocar-nos do essencial. Queremos debater o que distingue Luís Montenegro de Pedro Nuno Santos, o que distingue os dois programas e as equipas”, defendeu Miguel Pinto Luz.

“A AD não alinha nem pode compactuar com uma democracia refém de denúncias anónimas, de agendas — umas mais ocultas outras menos –, mas que só servem o propósito de degradar o capital da democracia, alimentar os extremos e as intolerâncias”, reforça.

A averiguação preventiva “corre termos” no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), no qual é investigada a criminalidade económico-financeira mais complexa.

ZAP // Lusa

16 Comments

  1. Vivem à grande e gozam com o povo… eles sabem sempre sobre muita coisa… quando é para esclarecerem os seus comportamentos dizem que desconheciam… nem seria de admirar que estivessem a levantar o braço enquanto era aprovada a lei que agora não sabem…

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  2. Ponte-te a pau, os PSD´s tem uma arma escondida que é a DIFAMçÃO, vem para a Praça Publica BORRAR o Bom Nome das pessoas.
    É pelo menos a 3ª vez que fazem uso do esquema, está no ADN. Cuidado com esses Cães, disse o Altissimo. Cuidado mesmo, os gajos preseguem, ladram e mordem (o juizo) como cães.

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    • Este gajo tem muito que explicar. Primeiro disse que fora o pai que lhe emprestou o dinheiro, depois disse que foi com dinheiro da mulher. Tantos milhares de euros num casal que ainda era jovem?! E as contas bancárias porque não mostra como bateu o pé para o Montenegro mostrar? O ditado está certo: Só se ri o roto do esfarrapado.

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    • Não percebi…

      O que é “difamção””ponte-te a pau” ou “preseguem” ?

      Óh Lusitano, onde andaste tu durante as aulas de Português?

  3. Nisto tudo chamo à atenção do seguinte, enquanto PNS vivia em telheiras, Lisboa, habitação permanente, estava a receber pela AR um subsidio de renda por alegada deslocação de residência. Afinal, se a sua habitação permanente era em Lisboa não tinha direito a subsídio de renda.

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  4. Se tinha uma casa na Rua das Flores como recebeu cerca de 200 000 euros em ajudas sa Assembleia da Republica? Ou declarou morada em Santa Maria da Feira?

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  5. O que falta explicar por PNS é a forma como um politico – em que todos se queixam de serem mal remunerados – consegue reunir ele e sua esposa tão elevadas poupanças para a comprar estas casas!!
    Prestaria um bom serviço ao país, ensinar aos portugueses, principalmente aos mais necessitados, tal forma de ganhar tanto dinheiro.
    Desta forma, acabaria a pobreza no país, que tanto o diz preocupar.
    Gostaria também de aprender e de certeza não faltariam mais interessados..

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  6. Comprou duas casas por 1.300.000 euros e há dúvidas de onde veio o dinheiro. Isso pode determinar um possível conflito entre o património imobiliário de Pedro Nuno Santos e a origem dos fundos usados para a aquisição. Isso muda tudo, porque se houver suspeitas de que o dinheiro não tem uma explicação clara (luvas? tráfego de influências? , a expressão de “susto” que a imagem dele (nesta notícia) transmite, ganha um novo significado. Um político com o histórico salarial de Pedro Nuno Santos (ex-ministro, deputado, secretário-geral do PS) não acumula facilmente 1,3 milhões em poupanças e mesmo com empréstimos ou rendimentos laterais, tem que ter exaustivas explicações.

  7. A sua imagem nesta notícia: os olhos arregalados e a boca entreaberta são elementos clássicos de uma expressão de susto ou grande surpresa, quase como se ele estivesse a processar uma informação que o desequilibra. Ao parecer desta forma que a imagem documenta, isso sugere um susto — como se tivesse levado um golpe que não previa. Isso pode indicar que: a suspeita foi inesperada (talvez ele acreditasse que o assunto estava encerrado); ou que a gravidade da decisão o surpreendeu.
    A expressão facial, quando associada a suspeitas ou acusações, pode ter um peso simbólico enorme na perceção pública. Ele, na imagem, evidencia esse medo.

  8. Se tivesse um salário médio de 4.500€/mês (líquidos) nos últimos 15 anos, poupar metade (2.250€/mês) daria ~ 400.000€ em 15 anos. Muito abaixo dos 1,3M€, mesmo considerando o empréstimo que contraiu.
    Não haverá aqui um enriquecimento inexplicado?

  9. Seria conveniente verificar e esclarecer se, na escritura de compra do imóvel da Rua das Flores em 2004, consta que se trata de habitação própria permanente, os mais de 200 mil euros recebidos em subsídios de deslocação entre 2005 e 2015 são elegíveis.

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