Rodrigo Antunes / LUSA

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos
Secretário-geral contou que o PS acreditou, durante duas semanas, que Luís Montenegro iria dar mais explicações sobre a Spinumviva.
O Partido Socialista (PS) ainda acreditou, durante duas semanas, que Luís Montenegro iria dar mais explicações sobre a Spinumviva. Já que os socialistas não ficaram satisfeitos, avançaram para a comissão parlamentar de inquérito.
“A partir de determinada altura, só uma comissão parlamentar de inquérito nos dava os instrumentos necessários. A partir de determinado momento, nós precisávamos mais do que a mera resposta a perguntas orais ou escritas, precisávamos de prova documental, precisávamos de poder inquirir testemunhas”, explicou o secretário-geral do PS.
Pedro Nuno explicou na RTP que a vida privada e profissional “cruza-se com a actividade política de primeiro-ministro e era fundamental perceber a natureza da empresa e a influência do primeiro-ministro naquela empresa e o potencial de conflitos de interesse”.
O deputado recusa que essa comissão iria abrir um precedente: “No caso das gémeas, atingia directa ou indirectamente o presidente da República”.
Já em relação à moção de confiança, Pedro Nuno Santos disse que era “impossível” o PS optar pela abstenção do documento: “Se fosse em Janeiro e fosse apresentada uma moção de confiança por parte do Governo, nós também a chumbaríamos. Uma moção de confiança pressupõe um grau de compromisso com a governação que o PS nunca poderia ter. O PS é um partido de oposição”.
“O que aconteceu nas últimas semanas foi o acrescentar de razões para chumbar; não diminuir essas razões. O PS nunca pediu, nunca exigiu uma moção de confiança”, lembrou .
Pedro Nuno Santos voltou a dizer que não é o PS, nem a oposição, os culpados pela crise política: “Estamos em crise política por causa de uma única pessoa”.
Já em relação aos episódios particulares que decorreram durante o debate da moção de confiança, o socialista acha que aquele foi “um espectáculo degradante”.
Questionado sobre a empresa do seu pai, Pedro Nuno rejeitou qualquer semelhança. Mesmo que seja eleito primeiro-ministro: “Não podemos fazer de conta que estamos a falar da mesma coisa: a empresa é do meu pai, não sou sócio dele, não é da minha mulher, do meu filho, eu não controlo nem a paternidade nem a empresa para a qual não arranjei um único cliente”.
Postura à Bloco
Pedro Nuno Santos esteve “muito bem” ao insistir num ponto: o PS sempre disse que não iria viabilizar uma moção de confiança. O primeiro-ministro sabia e avançar seria uma “provocação”.
A análise é de Manuel Carvalho, que vê o PS com uma “narrativa bastante consistente” à volta da Spinumviva e das consequências políticas – que, “não sejamos hipócritas”, vai ser o centro da campanha eleitoral. “Até é necessário que seja discutido”.
Agora, depende do tom dessa discussão: “Hoje já vimos um Pedro Nuno Santos mais moderado. Em momentos anteriores, o discurso, o nível de acusação, de linguagem, a assertividade e a convicção no seu discurso colocava-o mais perto da linguagem, do jogo corporal, do Bloco de Esquerda do que do Partido Socialista”.
Nesta altura, continua o comentador da RTP, Pedro Nuno já terá percebido que um partido no poder “tem que ter muito mais prudência, muito mais cuidado, na forma como joga a linguagem”.
Uma frase destacou-se na entrevista do líder do PS: “Não quero fazer acusações” – é diferente da sua postura recente, incluindo na Assembleia da República.
Lili Caneças
Aproveitando este contexto da entrevista à televisão pública, Lili Caneças criticou a postura de Pedro Nuno: “Eu não voto em partidos, voto em pessoas. Este homem parece que está sempre a ralhar com toda a gente”.
Talvez de forma surpreendente, Pedro Nuno foi ao Instagram responder: “Boa tarde Lili, eu não dou ralhetes, mas quando são sérios não reajo com sorrisos, de facto. Se a Lili me conhecesse ia constatar que sou bem disposto, simpático e bom rapaz“.
… e a Lili que não metesse o bedelho…
Também concordo com o comentário da Lili. Acrescento ainda, na minha opinião, sempre que ela faz um comentário político é porque alguém passou os limites do que é efetivamente aceitável.