Andrew Davis Tucker / Universidade da Geórgia

O fragmento pertence a um meteorito com 4,56 mil milhões de anos, sendo centenas de milhões de anos mais antigo do que o nosso planeta.
Uma pequena rocha espacial que atravessou o telhado de uma casa nos subúrbios de Atlanta, na Geórgia, revelou-se muito mais antiga do que o planeta em que aterrou. Os investigadores determinaram que o recém-nomeado Meteorito McDonough, que caiu a 26 de junho de 2025, se formou há cerca de 4,56 mil milhões de anos — tornando-o centenas de milhões de anos mais antigo do que a própria Terra, cuja idade é estimada em cerca de 4,5 mil milhões de anos.
A descoberta surge de uma análise liderada pelo geólogo planetário Scott Harris, da Universidade da Geórgia. “Este meteoro em particular tem uma longa história antes de chegar ao solo de McDonough”, disse Harris. “Para compreender esta história, precisamos de estudar a rocha em detalhe e descobrir a que grupo de asteróides pertence.”
A viagem do meteoro terminou dramaticamente quando atravessou a atmosfera terrestre, criando um espetáculo de fogo antes de um fragmento perfurar o telhado e amassar o chão interior da casa em Atlanta. Os detritos sobreviventes pesavam cerca de 50 gramas no total, e a equipa de Harris obteve 23 gramas para estudo.
Recorrendo a microscopia ótica e eletrónica, os investigadores identificaram o objeto como um condrito comum do tipo L, uma classe comum de meteoritos rochosos. Estas rochas datam do início do Sistema Solar, formando-se a partir do pó e dos detritos que rodeavam o jovem Sol, explica o Science Alert.
Os cientistas acreditam que o corpo original deste meteorito sofreu uma colisão catastrófica há cerca de 470 milhões de anos na cintura principal de asteróides entre Marte e Júpiter. Esta antiga fragmentação enviou inúmeros fragmentos para novas órbitas, tendo alguns eventualmente cruzado a trajetória da Terra.
“Neste rompimento, alguns pedaços entram em órbitas que atravessam a Terra”, explicou Harris. “Se houver tempo suficiente, as suas órbitas em torno do Sol e da Terra alinham-se no mesmo lugar, no mesmo momento.” Este alinhamento celeste preparou o cenário para o impacto do meteorito McDonough este verão.
O espécime será agora preservado na Universidade da Geórgia para exames mais aprofundados. Os cientistas esperam que os estudos contínuos esclareçam as condições que existiam antes da formação dos planetas, oferecendo uma rara amostra física do primeiro capítulo da história do Sistema Solar.