Os astronautas da Apollo 14, que exploraram a Lua há 47 anos, podem ter encontrado a pedra mais antiga da Terra, de acordo com um estudo científico que acaba de ser publicado.
Em 1971, quando exploraram a Cratera Cone na Lua, os astronautas da Apollo 14 trouxeram para a Terra um fragmento rochoso. Na altura, pouco se sabia sobre esse vestígio de material lunar. Mas agora, uma equipa de cientistas concluiu que esse fragmento contém um pequeno pedaço da Terra primitiva.
Este dado é apontado na pesquisa publicada no jornal científico Earth and Planetary Science Letters, onde se nota que o pequeno fragmento da Terra terá chegado à Lua devido a uma explosão no nosso planeta, provocada por um forte impacto, há cerca de 4 mil milhões de anos.
“É uma descoberta extraordinária que ajuda a pintar uma melhor imagem da Terra primitiva e do bombardeamento que modificou o nosso planeta durante o despertar da vida”, constata o co-autor do estudo, David Kring, cientista da Associação de Pesquisa Espacial Universitária no Instituto Lunar e Planetário de Houston, nos EUA, num comunicado sobre a investigação.
Os cientistas envolvidos na pesquisa analisaram as amostras da superfície lunar recolhidas pelos elementos da missão Apollo 14. Foi assim que descobriram um fragmento de duas gramas constituído por quartzo, feldspato e zircão, elementos raros na Lua e habituais na Terra.
“Análises químicas indicaram que o fragmento cristalizou num ambiente oxidado, a temperaturas consistentes com as encontradas no subsolo perto da Terra primitiva“, como constatam os investigadores citados pelo Livescience.com.
O fragmento terá cristalizado há cerca de 4 mil milhões de anos a 20 quilómetros abaixo da superfície da Terra e terá depois sido lançado para o espaço por um “impacto poderoso”. Terá acabado por aterrar na Lua que, na altura, ficava “três vezes mais próxima” da Terra do que actualmente, como notam os cientistas.
Já na superfície da Lua, o fragmento ficou “parcialmente derretido e provavelmente enterrado” por um impacto ocorrido há cerca de 3,9 mil milhões de anos, constatam ainda.
Terá sido desenterrado por outro impacto há cerca de 26 milhões de anos numa colisão que originou a Cratera Cone que tem 340 metros de largura.
Esta teoria está longe de estar provada, mas é a explicação mais plausível para o achado, como admitem os autores do estudo. Até porque admitir que o fragmento terá tido origem na própria Lua significaria mudar tudo o que sabemos sobre o satélite natural da Terra, nomeadamente quanto às condições do seu interior há muitos e muitos anos. “Exigiria que a amostra se tivesse formado a profundidades tremendas, no manto lunar, onde composições rochosas muito diferentes são antecipadas”, concluem os autores do estudo.
Ou então nunca de cá saiu …