PSD, PS, CDS e BE demarcaram-se, esta quarta-feira, do projeto de resolução do PCP, que pretende a desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990, ainda que admitam a necessidade de o aperfeiçoar.
Na defesa do projeto de resolução n.º 1340/XIII/3.ª, que recomenda a saída de Portugal do Acordo Ortográfico (AO) de 1990, a deputada comunista Ana Mesquita foi a única a defender a proposta na Assembleia da República, alegando que o Acordo tende a “transformar-se num atoleiro cujas consequências se desconhecem”, além de subsistirem dificuldades na sua aplicação.
Sublinhando que o PCP “não tem ‘fixismos’ na escrita”, Ana Mesquita considerou que a existência do acordo só teria sentido se integrado numa política global da língua e que tal como existe não passa de uma “imposição legislativa desligada da realidade concreta e da comunidade”.
Para a deputada, Portugal deve abandonar o Acordo Ortográfico até porque este não passou de “experimentalismo ortográfico sobretudo para os alunos que tiveram de o aplicar”.
Ana Mesquita invocou ainda a petição de “Cidadãos contra o Acordo Ortográfico”, considerando que o facto de contar com mais de 20 mil assinaturas é elucidativo de que os portugueses dizem não ao AO.
Por seu turno, o deputado social-democrata José Carlos Barros considerou o projeto de resolução do PCP “extemporâneo”, sublinhando haver muita coisa a discutir sobre o Acordo.
“É incompreensível e inaceitável” que os ministros da Cultura e da Educação não queiram discutir o relatório da aplicação do Acordo na Comissão de Cultura, frisou o deputado do PSD, alegando que os sociais-democratas não fazem como o PS, que “diz que não se passa nada quando tem um elefante sentado na sala”.
Também o deputado socialista Diogo Leão considera que a pretensão do PCP não é positiva, uma vez que “os motivos que originaram o Acordo se mantêm atuais”.
O deputado centrista Nuno Magalhães defendeu que se aguarde pelo final do trabalho da Comissão de Avaliação de Aplicação do Acordo Ortográfico, e pela elaboração do relatório final, sustentando, porém, a necessidade de o acordo integrar as propostas de melhoria sugeridas pela Academia de Ciências de Lisboa.
Coube ao deputado Jorge Campos defender a posição do Bloco de Esquerda, tendo admitido que os bloquistas reconhecem a existência de problemas no Acordo, mas não se reveem na desvinculação de Portugal.
Jorge Campos considerou ainda que o abandono do AO de 1990 acarretaria “riscos, nomeadamente a nível de tratados internacionais e de manuais escolares”.
O projeto de resolução dos comunistas é votado esta quinta-feira.
// Lusa
O lobby dos livreiros e do Brasil, tem força suficiente para comprar a maioria dos deputados da assembleia.
Ninguém consegue acabar com o aborto de AO ! Os interesses são muitos e já se notam …
Continuamos assim com uma ortografia inconstitucional, e não ratificada por metade dos Palops.
Quando governos medíocres estragam a economia do país, também conseguem estragar a cultura e a língua de Camões.
É um país de cagados de fato. Ou será de cágados de facto ?
Totalmente de acordo
Começo por dizer que até a própria designação da porcaria que fizeram está errada. ACORDO? Mas acordo com quem e por que razão? A Língua Portuguesa é a Língua falada em Portugal, não temos que a pôr à feição de quem não a conhece. Quem quer servir-se dela que a respeite, que a aprenda, que a estude.
A LINGUA PORTUGUESA foi burilada ao longo de séculos até se tornar na OBRA PRIMA que conheciamos até há poucos anos.
Destruir essa Obra foi e continua a ser uma opção niilista que deve ser, TEM DE SER combatida por todos os meios.
Depois, como dizia o poeta, «A minha Pátria é a minha Língua». Eu digo que a minha Pátria não é só a minha Língua, mas a Língua que falo, a Língua Portuguesa, é o pilar fundamental da minha Pátria. Ofendê-la, é inadmissível, mas acontece a toda a hora. Atacá-la, é imperdoável! Mas foi o que aconteceu quando puseram em prática o dito acordo. Foi crime de lesa-pátria, um atentado mais ofensivo do que muitas outras acções qualificadas de traição e a merecer punição.
Se a intenção do PCP vai no sentido de desvincular Portugal dessa aberração, eu, que não me sinto ligado a qualquer partido, sinto-me na obrigação de lhes gritar: avante camaradas! juntarei a minha à vossa voz.