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PCP esconde número de entradas para o Avante!

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José Sena Goulão / Lusa

Primeiro dia da Festa do Avante!

O PCP não revela o número de entradas para o Avante!, mas, segundo os dados divulgados noutros anos, o número deverá ser muito inferior à lotação apontada pelo partido.

Ano após ano, o PCP rejeita explicar à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) quantos bilhetes vendeu, pelo que ninguém sabe quantas pessoas vão à Festa do Avante!. Esta Entidade encontra recorrentemente insuficiências e irregularidades nas receitas e despesas da festa comunista, avança o Expresso este sábado.

O PCP tentou chegar a acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), dando uma ideia de que faria uma redução do público considerável, de 100 mil para 33 mil pessoas. No entanto, segundo as contas do semanário com base nos dados entregues à ECFP, o número de pessoas no Avante! seria sempre à volta das 33 mil.

“As contas mais conservadoras, feitas com base nas receitas que o partido registou com a venda de entradas permanentes no relatório de 2017 (o último disponível no site da ECFP), revelam que o número de frequentadores anual estará bem abaixo dos 100 mil e mais perto dos 33 mil”, escreve o semanário.

Os comunistas comunicaram à entidade uma faturação de 918,7 mil euros com as entradas na festa. Isto significa que, se todos tivessem comprado o bilhete mais barato (de 23 euros), teriam estado na festa, em simultâneo, um máximo de 39.922 pessoas.

Apesar de ter questionado o Partido Comunista sobre o número de entradas vendidas para a 44.ª edição, que se realiza entre 4 e 6 de setembro deste ano, o Expresso não obteve resposta.

As insuficiências e as irregularidades são apontadas de forma constante nos relatórios e posteriores decisões da ECFP sobre a Festa do Avante!. Segundo contas reveladas pela SIC, a festa comunista registou prejuízos de quase dois milhões de euros nos últimos seis anos.

“O PCP nunca quis responder”

Um dos problemas apontados tem a ver com as EP, rubrica em que também se incluem as entradas diárias. Fonte da ECFP revelou ao Expresso que, em 2017, o PCP revelou a receita gerada pela venda de bilhetes, mas “não dispõe de uma relação com o montante total de EP, os respetivos valores de venda e a reconciliação com os rendimentos”.

No fundo, isto significa que não é possível perceber quantas entradas são, de facto, vendidas, até porque os valores dos bilhetes não são todos iguais. “Nunca conseguimos perceber quantas pessoas entravam e quantas entradas vendiam. O PCP nunca quis responder”, disse Margarida Salema, ex-presidente da entidade.

As críticas não se ficam pelo número de entradas e estendem-se a “situações de deficiências no suporte documental“.

Em 2012, por exemplo, “foram identificadas diversas situações anómalas, nomea­damente derivadas da não inclusão nos documentos que suportam os lançamentos contabilísticos de identificação dos pagadores da descrição dos artigos vendidos, de talões de máquina registadora, bem como a não junção de ‘canhotos'”.

Além disso, até 2018, o limite para angariação de fundos (cerca de 643 mil euros) era ultrapassado. O problema ficou resolvido quando, nesse mesmo ano, os partidos acabaram com esse teto com uma mudança de legislação.

ZAP //

20 Comments

  1. Isto é tudo uma vergonha completa. A ser verdade esta notícia, o Estado Português não tem qualquer legitimidade para impedir qualquer festival, arraial, comício, manifestação, públicos nos estádios…

  2. É o modus operandi de qualquer partido ou governo comunista, qual é o espanto? Os cidadãos que se dizem inteligentes e cultos deviam estudar mais história comunista paralela, e ver se realmente o comunismo os defende tanto como eles pensam. Os outros não vale a pena, são muros. Outra coisa que gosto muito é o comunista ecologista, que também não abre os olhos para o que se fez na Rússia e se faz na China, entre outros…

  3. Um bom empresário não revela valores. Isto só prova que quem quer provar o contrário não tem muito de comerciante e deve tentar estorcer a verdade, por motivos de inveja

  4. Ainda não acabou a saga anti comunista. Agora até procuram argumentos fora do PCP, partido fundador da democracia portuguesa e que deixou no terreno muitos dos militantes que a ajudaram a construir. Os saudosos do fascismo não poderiam hoje manifestar-se da forma como o fazem sem a liberdade existente e o modelo de democracia que temos.

    • Quando li o seu comentário, descarreguei, mentalmente, o vernáculo todo. Mas, depois acalmei e dei um sorriso. O sr. é um “tipo” divertido. Junte-se ao Ricardo Araújo Pereira para um novo programa de humor…

      • O país onde fugir aos impostos é o desporto nacional, enganar a Segurança Social, pagar ordenados de miséria, viver de mão estendida ao Estado, sacar subsídios à UE, infringir as leis laborais e ambientais… È o liberalismo a funcionar à portuguesa (roubar o Estado à força toda)

    • Fundador da democracia?! De qual? Daquela que acabou no 25 de Novembro???
      Eu prefiro a que temos: a que começou no 25 de Abril e que decidiu o seu rumo no 25 de Novembro.

    • Fundador da democracia o PCP! Devo ter sido eu que alguma vez alvitrei as palavras, ditadura do proletariado e que andei a receber lições de comunismo na defunta URSS talvez a mais sangrenta de todas as ditaduras comunistas e não só, como estaríamos hoje governados por essa “democracia”?

  5. O PCP não é em prol da transparência? Estou chocado! – Claro que divulgar os números terá consequências; o que têm a esconder, afinal?

    Dois pesos, duas medias – é o mote do PCP.

    (Ainda faltam saber, espero que não, as consequência deste “evento”)

  6. Alô PJ?
    Que tal investigarem lavagem de dinheiro?
    Não há uma lei nova qq para denunciar suspeitas de lavagem de dinheiro? Era bom que se averiguasse, parece-me que ia haver uma surpresa..

  7. Extraordinário: o PCP declara 1 milhão de receita e dois de prejuízo. Logo, os custos rondam os 3 milhões. Sabendo-se que a mão de obra resulta de trabalho gracioso dos camaradas, pergunto: em que raio se gastam 3 milhões por dia. As contas do Jerónimo parecem as do Salgado…

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