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“Querem-nos quietos, confinados, calados e com temor”. Jerónimo abre Avante! com ataque à direita

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Mário Cruz / Lusa

O secretário-geral comunista abriu esta sexta-feira a 44.ª edição da Festa do “Avante!”, limitada na sua organização pela pandemia, com um ataque à direita, que considerou querer o PCP quieto, confinado, calado e com temor.

“Sim querem-nos quietos, confinados, calados e com temor, porque sabem o que aí vem. Querem que abdiquemos do que a vida tem de mais belo e realizador, libertos dos nossos medos, reencontrar o convívio e as amizades, a cultura, os concertos de diversos estilos de música”, denunciou Jerónimo de Sousa.

Antes das primeiras palavras do líder comunista, às 19h00 em ponto, ecoou pela instalação sonora dos 30 hectares das quintas da Atalaia e do Cabo da Marinha, Seixal (Setúbal), o tema “Avante, camarada!”.

Figuras destacadas da direita, ex-governantes bem conhecidos, como se tivessem tido um rebate de consciência pelo mal que fizeram ao direito à saúde dos portugueses e ao Serviço Nacional de Saúde, à rede pública, com a desvalorização de serviços, (…), que castigaram também nos seus salários, nos seus horários, nas suas carreiras, vêm à praça pública invocar hipocritamente razões sanitárias para impedir a festa”, lamentou.

Segundo Jerónimo de Sousa, “não querem que haja festa como não queriam as celebrações do 25 de Abril, nem a jornada de luta do 1.º de Maio”.

“Não queriam, nem querem a festa porque estão conscientes do agravamento da situação económica e social em que setores do capital se vão aproveitar para despedir, cortar salários e direitos, aumentar as injustiças e desigualdades e ficar com a parte de leão dos apoios financeiros”, continuou.

No fim do discurso de cinco minutos do secretário-geral, reproduzido com algumas falhas no áudio, as colunas de som reproduziram “A Internacional” e o hino nacional, empolgando alguns dos milhares de pessoas já presentes no recinto, com os punhos erguidos e as gargantas no volume máximo.

Críticas à DGS

O líder criticou ainda a Direção-Geral da Saúde por ter imposto medidas “que vão para além das normas exigidas em qualquer espaço comercial, qualquer praia, atividade religiosa ou de rua e outras iniciativas, num espaço de 300 mil metros quadrados”

“Durante décadas, salvo as devidas exceções, a Festa do “Avante!”, em particular as imagens do nível de participação nos comícios, foram escondidas, censuradas, arquivadas, para concluírem que ‘a coisa estava fraca’. Agora, surpreendentemente, muitas das peças que nunca viram a luz do dia, passam e repassam, para concluir que ‘vai haver gente a mais'”, acusou, dirigindo-se à comunicação social, sem nomear órgãos.

Para Jerónimo de Sousa, “usando um autêntico arsenal mediático, aproveitando as preocupações legítimas em relação ao surto epidémico, o que realmente pretendiam e pretendem é pôr em causa direitos políticos constitucionais”.

Cartaz contra Festa do “Avante!” retirado

Também nesta sexta-feira, a Juventude Social-Democrata (JSD) manifestou a sua “indignação” e “incompreensão” sobre a retirada de um cartaz colocado esta manhã por esta estrutura partidária contra a realização da 44.ª Festa do Avante!, no Seixal.

Em declarações à agência Lusa, o recém eleito presidente da JSD, Alexandre Poço, confessou não compreender os motivos da retirada do cartaz e adiantou que a estrutura partidária vai avançar com queixas formais à CNE (Comissão Nacional de Eleições) e PSP (Polícia de Segurança Pública).

“Questionamos que sentido de democracia têm os que retiraram este cartaz”, disse o dirigente social-democrata, concluindo que “há em Portugal quem tenha um sentido de democracia relativamente reduzido”.

Criticando a “noção de democracia de quem fez esta ação”, Alexandre Poço garantiu que as queixas referidas estão já a ser formalizadas.

https://twitter.com/JSDPortugal/status/1301807660430503936

Esta manhã a Juventude Social-Democrata (JSD) inaugurou um cartaz nas imediações da 44ª Festa do Avante, contra a realização do evento que este ano está envolto em polémica devido ao contexto pandémico causado pela covid-19. No cartaz em causa pode ler-se “Assim só a covid levará Avante”, numa referência à festa político-cultural comunista.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. O tio Jerónimo ataca a Direita, mas na A.R. até negoceia com a dita Direita e vota junto com a Direita, não é por acaso que quando a Direita está no Governo ele comparado com o que faz com governos PS fica quase mudo, e não soou PS mas leio, ouço e vejo com os meus olhos, no dia que o PS acabar o PCP acaba a seguir.

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