A partir de Maio e até Março de 2023, os edifícios públicos italianos vão ter limites no uso do ar condicionado. A fiscalização da medida ainda está a ser decidida, mas antecipam-se multas até aos 3000 euros para quem não cumprir.
Depois do Ministro da Economia alemão, Robert Habeck, ter apelado aos seus concidadãos que poupassem energia para “irritarem” Putin, a Itália está a seguir pelo mesmo caminho e a ver-se abraços com um debate sobre as suas prioridades.
O país parece mesmo estar disposto a enfrentar o Verão com uma limitação na utilização do ar condicionado para pressionar a Rússia, escreve a Reuters.
A partir do próximo mês, os edifícios públicos em Itália vão estar proibidos de definir o ar condicionado acima dos 25.ºC como parte de uma estratégia governamental de combate à crise energética despoletada pela guerra na Ucrânia.
A “Operação Termostato” surge depois de Roma ter assinado um acordo com Angola para aumentar a compra de gás ao país, numa tentativa de cortar a dependência da energia russa, a quem compra 45% do gás que importa.
Os Ministros italianos também viajaram para a África central na quarta-feira em busca de mercados alternativos para a compra de gás.
O país foi varrido por um debate sobre o racionamento da energia depois do primeiro-ministro, Mario Draghi, ter usado o exemplo do ar condicionado quando questionado sobre se os italianos estariam dispostos a sacrificar-se caso a União Europeia impusesse um embargo à Rússia.
“Queremos paz ou queremos ter o ar condicionado ligado?“, questionou, de forma irónica. As limitações nos edifícios públicos vão começar a 1 de Maio e prolongar-se até 31 de Março do próximo ano, abrangendo também o Inverno, durante o qual o aquecimento não poderá ultrapassar os 19.ºC.
Numa entrevista com o jornal italiano Corriere della Sera, Draghi acrescentou que Itália quer cortar pela raiz a dependência da Rússia, já que “a dependência económica não se pode tornar submissão política“.
A questão que se impõem é como é que a medida vai ser fiscalizada. O Governo já avançou que os inspectores do Ministério do Trabalho podem ser chamado e que quem não cumprir pode ser multado entre 500 e 3000 euros. A medida não se aplica aos hospitais, mas pode eventualmente ser estendida para casas privadas.
O Ministro da Administração Pública, Renato Brunetta, avança que a iniciativa avançada pelo Movimento 5 Estrelas vai permitir a poupança de entre dois e quatro mil milhões de metros cúbicos de gás por ano. Em Itália, os sistemas de regulação da temperatura representam 57% dos custos dos edifícios públicos.