Egito vai dar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que continua a ser atacada “a toda a hora” por Israel. E se os portões da ajuda se abrem, a aliança Hamas-Hezbollah prepara-se para abrir uma segunda frente no conflito com Israel.
O Egito anunciou esta quinta-feira o acordo para uma “passagem duradoura” de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza através do ponto de Rafah, numa altura em que centenas de camiões com ajuda estão parados às portas do enclave.
A entrega de ajuda será supervisionada pela ONU, revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Shoukry, à estação Al-Arabiya.
Questionado se os estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade que pretendam sair seriam autorizados a passar, o ministro referiu: “Desde que a passagem esteja a funcionar normalmente e as instalações [da passagem] tenham sido reparadas”.
O Egito ainda tem de reparar a estrada que atravessa a fronteira, que ficou esburacada pelos ataques aéreos israelitas, noticiou a agência Associated Press (AP).
Mais de 200 camiões e cerca de 3.000 toneladas de ajuda estão posicionados na passagem de Rafah ou perto desta, que é a única ligação de Gaza ao Egito, sublinhou o líder do Crescente Vermelho para o Sinai do Norte, Khalid Zayed.
Israel isolou a Faixa de Gaza, impedindo toda a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível aos seus 2,3 milhões de habitantes após o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro.
Funcionários da Casa Branca adiantaram à agência Associated Press (AP) que a ajuda seguirá nos próximos dias.
Antes, Israel tinha garantido que permitiria ao Egito entregar quantidades limitadas de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, a primeira cedência num cerco de 10 dias ao território, desde que esses bens não cheguem ao movimento islamita palestiniano Hamas.
O responsável da ONU para as emergências humanitárias defendeu esta quarta-feira que a ajuda a Gaza, assim que puder atravessar a fronteira do Egito, deverá ser “substancial”, da ordem dos 100 camiões por dia, e a sua segurança, acautelada.
Aliança Hamas-Hezbollah vai abrir segunda frente no conflito
O Hamas e o Hezbollah, grupos pró-iranianos, estão a coordenar “estreitamente os seus próximos passos” na luta contra Israel, disse um alto representante do Hamas no Líbano citado hoje pelo site noticioso Politico.
O chefe do gabinete político do Hamas no Líbano, Ahmed Abdul-Hadi, admitiu a abertura de uma segunda frente no conflito com Israel, afirmando que o movimento xiita libanês Hezbollah está “preparado para uma grande guerra”.
Abdul-Hadi, contudo, insistiu que o Hamas, movimento considerado terrorista por União Europeia (UE) e Estados Unidos e que governa a Faixa de Gaza desde 2007, não avisou antecipadamente o seu aliado Hezbollah dos ataques a Israel a 07 de outubro, que mataram mais de 1.400 pessoas.
Apesar disso, revelou, há uma “cooperação contínua” entre os dois grupos, em que o Hezbollah está agora “preparado para uma grande guerra” contra Israel no norte, enquanto o Hamas vai rebentar o “sonho” do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de o expulsar de Gaza.
As declarações aumentam os receios de que o conflito no Médio Oriente possa estar prestes a alastrar-se para duas frentes e engolir o Líbano, sobretudo se Israel lançar uma invasão terrestre em Gaza, onde os bombardeamentos já mataram mais de 2.700 pessoas, e Teerão empenhar os seus aliados xiitas do Hezbollah numa guerra total.
“Temos relações muito fortes com o Hezbollah. Estávamos a cooperar com o Hezbollah antes e depois do ataque a Israel e agora estamos em plena cooperação”, disse Abdul-Hadi numa entrevista no seu gabinete no campo de refugiados de Mar Elias, em Beirute.
Abdul-Hadi identificou a ofensiva terrestre israelita em Gaza como um dos principais fatores que poderiam levar o Hezbollah a participar plenamente no conflito. “O Hezbollah não prestará atenção às ameaças de quem quer que seja contra a sua entrada na guerra e ignorará os avisos para não se meter nela”, frisou.
Abdul-Hadi sublinhou que o Hezbollah já demonstrou, em escaramuças fronteiriças, que não vai furtar-se ao combate.
“O Hezbollah disse que não vai ficar à margem e a prova disso é que atacou ao longo da fronteira sul por sua iniciativa. O Hezbollah deixou claro que, se os israelitas atravessarem a linha, lançará um ataque total contra Israel“, acrescentou Abdul-Hadi.
Reféns? “Temos de ter algo em troca”
Na entrevista ao Politico, Ahmed Abdul-Hadi manteve-se “intransigente” na defesa da sua posição, apesar das abundantes provas documentais em contrário, segundo as quais mulheres, crianças e idosos foram chacinados no ataque a Israel.
Os seus comentários estão em sintonia com os de outros altos responsáveis do Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, que montaram uma ofensiva de relações públicas para distanciar o Hamas das mortes de civis. Mas, segundo o Politico, tem havido inconsistências nas suas explicações.
O chefe das relações internacionais do Hamas, Basem Naim, disse terça-feira que os combatentes do movimento receberam ordens claras para não atacar civis quando os militantes atacaram o sul de Israel. No entanto, agora negou a existência de mortes, dizendo à televisão australiana ABC que a culpa é de “outros grupos”.
Quanto à questão dos reféns, Abdul-Hadi disse que o Hamas não fechou a porta às negociações sobre os prisioneiros israelitas. “Mas temos de ter algo em troca”, disse.
“Os soldados israelitas capturados não estão na mesa das negociações. Só estarão depois de a guerra terminar e depois de cumprida a exigência a libertação dos 6.000 palestinianos detidos nas prisões israelitas”, acrescentou.
Ataques mais intensos. Israel mata 40 em Gaza (incluindo outro líder militar palestiniano)
Nos últimos três dias, porém, os ataques tornaram-se mais intensos, no meio de avisos do Irão e do Hezbollah de uma possível ação “preventiva” contra Israel. O exército israelita afirmou, na rede social X, que continua a atacar a Faixa de Gaza “a toda a hora” e a destruir centenas de infraestruturas do Hamas.
Esta quarta-feira, pelo menos 40 pessoas foram mortas em bombardeamentos israelitas no centro da Faixa de Gaza, controlada pelo grupo islamita Hamas, e que também atingiram uma mesquita, indicou a agência noticiosa oficial palestiniana Wafa.
A mesma fonte adiantou que a maioria destas vítimas, incluindo menores, foi morta por ataques aéreos israelitas contra uma mesquita e o campo de refugiados de Al Nuseirat, situado na localidade de Deir al Balah, e contra uma casa na povoação de Al Mugraga. Outras dez pessoas foram mortas e 22 feridas em ataques similares contra casas em Deir al Balah, indicou a Wafa, ao precisar que 18 pessoas ainda permaneciam nos escombros.
Israel confirmou ainda que matou um líder militar palestiniano, vários milicianos do Hamas e Jamila Abdullah Taha al-Shanti, membro do Conselho Legislativo Palestiniano – o Parlamento Palestiniano – e fundadora do braço feminino do Hamas.
De acordo os serviços de informação israelitas, aviões de guerra abateram o líder da Comités de Resistência Popular, Rafat Harb Hussein Abu Hilal, em Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza que faz fronteira com o Egito, afirmou Daniel Hagari, porta-voz do exército israelita, na rede social X (antigo Twitter).
“Durante os combates, numerosos agentes terroristas do Hamas pertencentes às forças ‘Nukbha’ [força de elite], que lideraram a invasão bárbara” das comunidades israelitas, foram atacados, acrescentou o porta-voz, assegurando que mais de 10 milicianos foram mortos num “ataque aéreo de precisão”.
Explosão em hospital de Gaza causou dezenas de mortos, não centenas
A explosão no hospital de Gaza, cuja responsabilidade resultou numa troca de acusações entre israelitas e movimentos armados palestinianos, causou “algumas dezenas de mortos” e não centenas, adiantou hoje à agência France-Presse fonte de um serviço de inteligência europeu.
“Não há 200 nem mesmo 500 mortos, mas sim algumas dezenas, provavelmente entre 10 e 50”, referiu esta fonte que falou à AFP sob condição de anonimato.
O mesmo responsável de um serviço de inteligência europeu também acredita que “Israel provavelmente não fez isso [o ataque]”, segundo as “pistas sérias” de inteligência disponíveis nesta agência.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamita Hamas, referiu que a explosão causou pelo menos 471 mortos.
Israel atribuiu a explosão a um ataque fracassado de foguetes da organização palestiniana Jihad Islâmica, que negou a responsabilidade.
“O edifício não foi destruído”, acrescentou esta fonte europeia. E “o hospital provavelmente já tinha sido evacuado anteriormente, como todo um conjunto de hospitais localizados no norte de Gaza”, depois da imposição nesse sentido feita dias antes pelo Exército israelita.
A mesma fonte realçou ainda que “não há provas que apoiem” a presença de centenas de pessoas no estacionamento do hospital onde ocorreu o bombardeamento.
A explosão no hospital ocorreu no momento em que Israel tem bombardeado incansavelmente Gaza, desde o sangrento ataque surpresa de 07 de outubro do Hamas, que matou 1.400 pessoas em Israel, a maioria delas civis.
A resposta israelita causou pelo menos 3.478 mortos no superpovoado território palestiniano, a maioria civis, segundo as autoridades locais.
ZAP // Lusa
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Este artigo é uma «baralhada» de informações contraditórias, vendo-se de que «lado» estão os autores, aliás anónimos!
Do artigo o que se entende, perfeitamente, são os anglosionistas com ideais belicistas querendo mergulhar o mundo num barril de pólvora, certo? Certo.