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O Parque Nacional de Yellowstone está mais quente do que nunca

Brocken Inaglory / Wikimedia

Parque National de Yellowstone, EUA

O Parque Nacional de Yellowstone é conhecido pelos seus invernos rigorosos, mas um novo estudo mostra que os verões também estão a ficar mais intensos, sendo que agosto de 2016 foi classificado como um dos verões mais quentes dos últimos 1.250 anos.

As conclusões são de um novo estudo que se baseou em amostras de árvores de abeto Engelmann recolhidas em altitudes elevadas dentro e ao redor do Parque Nacional de Yellowstone, de modo a estender o registo das temperaturas máximas de verões.

A equipa, liderada por Karen Heeter, descobriu que os séculos XX e XXI, e especialmente os últimos 20 anos, foram os mais quentes dos últimos 1.250 anos.

A equipa também foi capaz de identificar vários períodos conhecidos de aquecimento no registo do anel das árvores.

“Se pudermos encontrar análogos históricos às condições de aquecimento que estamos a ver agora, isso é valioso”, referiu Heeter. “Os registos mostram que a década de 1080 foi extremamente quente e no século XVI, houve um período de calor prolongado durante cerca de 130 anos”.

Os períodos quentes do passado eram caracterizados por uma substancial variabilidade de temperatura, marcadamente diferente das tendências de aquecimento intenso e prolongado observadas nos últimos 20 anos.

O aquecimento atual pode trazer graves consequências para o grande ecossistema do Parque de Yellowstone, ao exacerbar secas, incêndios florestais e outros tipos de problemas do ecossistema.

O novo registo fornece dados cruciais para os cientistas que procuram entender melhor as relações entre o aumento das temperaturas e fatores ambientais.

“A tendência de aquecimento que começou por volta de 2000 é a mais intensa já registada. A taxa de aquecimento durante um período relativamente curto de tempo é alarmante e tem implicações importantes para a saúde e função do ecossistema”, alertou a especialista.

O estudo identificou ainda as tendências de temperatura da superfície no verão usando uma nova técnica de anel de árvore chamada Blue Intensity, revela o Science Daily.

“Ao contrário dos métodos tradicionais de anéis de árvores, a Blue Intensity dá-nos uma representação da densidade do anel”, referiu Heeter.

Desenvolvida na Europa no início dos anos 2000, a técnica Blue Intensity tem-se mostrado um método mais económico para avaliar a densidade dos anéis das árvores do que outros métodos, observa Robert Wilson da Universidade de St. Andrews, na Escócia, que não esteve envolvido no novo estudo.

As árvores de abeto Engelmann, encontradas em toda a América do Norte do Canadá ao México, e que foram usadas na pesquisa, são a “espécie perfeita para métodos de Blue Intensity devido à sua madeira de cor clara uniforme”, disse Wilson.

O abeto Engelmann também vive entre 600 e 800 anos e apodrece de forma relativamente lenta. O cenário imaculado do Parque Nacional de Yellowstone ofereceu a oportunidade de obter amostras de árvores vivas e mortas que datam de 1.250 anos.

Heeter e a sua equipa também estão a trabalhar na aplicação de métodos de Blue Intensity em mais regiões na América do Norte, especialmente nos estados do sul, onde pode ser difícil obter um forte sinal de temperatura a partir de dados tradicionais de anéis de árvores.

A equipa já disponibilizou o novo conjunto de dados a outros investigadores, adicionando-o ao International Tree-Ring Data Bank, que está publicamente disponível na NOAA.

As descobertas foram publicadas na Geophysical Research Letters.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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