Parlamento Europeu terá “viragem acentuada à direita” e o populismo preocupa

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Antecipa-se uma “viragem acentuada à direita” nas eleições europeias de junho, com os partidos populistas e eurocéticos a liderarem as intenções de voto num terço dos Estados-membros da União Europeia (UE).

O Conselho Europeu de Relações Exteriores antecipa uma “viragem acentuada à direita” nas eleições europeias, em junho, com partidos populistas e eurocéticos a liderar as intenções de voto em um terço dos Estados-membros da União Europeia.

O estudo, baseado em sondagens e modelos estatísticos, prevê que os grupos Identidade e Democracia (ID), de partidos de extrema-direita, e os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) registem “ganhos significativos” nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para 6 a 9 de junho.

As projeções indicam que partidos populistas com um euroceticismo enraizado vão emergir como líderes em Itália, França, Países Baixos, Hungria, Áustria, Bélgica, República Checa, Polónia e Eslováquia.

Por outro lado, surgem em segundo ou terceiro lugares em outros nove países: Portugal, Alemanha, Espanha, Bulgária, Estónia, Finlândia, Letónia, Roménia e Suécia.

Em simultâneo, os dois principais grupos políticos – o Partido Popular Europeu (PPE, que integra os portugueses PSD e CDS-PP) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D, que abrange o PS) – vão continuar a perder representação, prosseguindo a tendência das duas eleições passadas.

Poderá assim emergir, pela primeira vez no Parlamento Europeu, uma coligação de direita de democratas-cristãos, conservadores e eurodeputados da direita radical (subindo de 43% para 49%).

Desta forma, quase metade dos lugares no hemiciclo ficaria fora da “super grande coligação”, composta por PPE, S&D e Renovar a Europa (centrista).

A análise prevê, no entanto, que o PPE permanecerá como o maior bloco no próximo parlamento, mantendo o poder de definição da agenda e com uma palavra a dizer sobre a escolha do próximo presidente da Comissão Europeia.

Esta possível configuração do Parlamento Europeu, escrevem os co-autores do relatório, Simon Hix e Kevin Cunningham, “é suscetível de colocar ameaças significativas a pilares cruciais da agenda europeia, incluindo o Pacto Ecológico Europeu, a continuação do apoio à Ucrânia e o futuro alargamento da UE”.

Populismo ameaça partidos tradicionais

O Conselho Europeu de Relações Exteriores adverte que a tendência de subida do populismo na UE é “uma chamada de atenção” para os partidos tradicionais, que devem acentuar a defesa do multilateralismo e do Estado de Direito.

“Para evitar ou mitigar os impactos de uma tal mudança para a política do populismo, Hix e Cunningham apelam aos decisores políticos para que “examinem as tendências que estão a impulsionar os atuais padrões de votação e, por sua vez, desenvolvam narrativas que falem da necessidade de uma Europa global no atual clima geopolítico, cada vez mais perigoso“.

As eleições de junho “devem ter como objetivo salvaguardar e reforçar a posição da UE”, refere Simon Hix, citado no relatório.

“As suas campanhas devem dar aos cidadãos razões para otimismo. Devem falar dos benefícios do multilateralismo. E devem deixar claro, em questões fundamentais relacionadas com a democracia e o Estado de Direito, que são eles – e não os que se encontram à margem da política – que estão em melhor posição para proteger os direitos fundamentais europeus”, sustenta o coautor, professor no Instituto Universitário Europeu, em Florença.

ZAP // Lusa

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