Investigadores consideram a descoberta uma “boa notícia” num contexto pós-pandémico marcado pelo aumento dos diagnósticos de ansiedade.
A música está presente na vida de muitas pessoas, independentemente dos momentos e contextos. Seja na prática de atividade física ou no cumprimento de compromissos profissionais, existem já playlists feitas propositadamente para servir de banda sonora ao indivíduos, fazendo acompanhar o ritmo dessas mesas canções à exigências. No entanto, as ligações humanas à música podem ser mais profundas do que anteriormente se previa.
De acordo com um novo estudo científico, desenvolvido por investigadores da Universidade de Ryerson, no Canadá, as listas de faixas musicais personalizadas podem ajudar a tratar os sintomas de ansiedade, um problema que tem vindo a prejudicar adolescentes e adultos ao longo das últimas décadas. Na realidade, o estudo não tem apenas em consideração as músicas que os indivíduos parecem preferir, mas sequências que sigam o mesmo estilo.
Os especialistas usaram um algoritmo desenvolvido através de machine learning para gerar sequências musicais personalizadas, com o objetivo de manipular o estado mental dos participantes. Primeiramente, o algoritmo tenta combinar-se com o estado mental dos indivíduos e posteriormente prevê a sequência das músicas — todas instrumentais ou sons naturais —que deverá, se eficaz, começar a mudar gradualmente o estado mental do participante para uma maior tranquilidade (o método LUCID).
Juntamente com as melodias relaxantes, os investigadores testaram também a eficácia de uma técnica conhecida como estimulação de ritmo auditivo que usa ondas sonoras para produzir tons e batidas de elevadas frequências que originam mudanças na atividade cerebral.
Na pesquisa, os autores distribuíram de forma aleatória os participantes que, durante o processo, estavam a ser medicados para a ansiedade pelos tratamentos que envolviam a terapia musical LUCID, a ABS, uma combinação das duas ou o chamado barulho rosa — um barulho de fundo semelhante a ruído. Para cada tratamento, foi pedido aos participantes que fechassem os olhos e ouvissem durante 24 minutos a sequência musical que lhe estava destinada.
Para aqueles com níveis moderados de ansiedade, foi “administrada” uma combinação de música previamente definida e de ABS conseguiu, o que permitiu atenuar os sintomas físicos da ansiedade, assim como ajudar a atenuar os pensamentos e sentimentos prejudiciais associados a um estado mental instável. Para aqueles com ansiedade mais severa, só a música provou ser a mais terapêutica.
Perante estas conclusões, e à luz do atual contexto, os investigadores acreditaram que demonstrar a efetividade de um método tão simples e capaz de replicar no que respeito ao tratamento de ansiedade é uma boa notícia.
“Com a pandemia e o teletrabalho, tem havido um notável aumento na utilização de ferramentas digitais de saúde para apoiar a saúde mental”, apontaram os autores à Cosmo Magazine. “Os resultados deste ensaio clínico são promissores para a utilização destas mesmas ferramentas de saúde digitais, tais como a terapia musical digital da LUCID, na gestão da ansiedade e de outras condições de saúde mental.