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145: a “pandemia” diferente que se aproxima dos EUA. “Faltam poucos dias”

Os números mais recentes, e os que se avizinham, colocam as cadeias de abastecimento em risco. As prateleiras devem ficar vazias.

Donald Trump voltou à Casa Branca e, como prometeu, está a revolucionar vários aspectos da economia nos EUA – e em muitos outros países.

As famosas tarifas mexem com negócios na Europa, na China, ou por exemplo no Japão – que no sábado avisou que não vai assinar qualquer acordo com a actual presidência dos EUA sem as novas tarifas serem revistas, nomeadamente o aumento de 25% nas importações de veículos.

Vêm aí mais: o presidente dos EUA disse nesta segunda-feira que vão ser impostas novas tarifas sobre produtos farmacêuticos “nas próximas duas semanas”. Trump já assinou uma ordem executiva para promover o fabrico de produtos farmacêuticos nacionais.

David Goldman deixa um aviso sério na CNN: Donald Trump está a levar os EUA para outro tipo de pandemia, a 145.

145 é o retrato de tarifas de pelo menos 145% sobre importações que chegam da China.

Mas é mais do que isso: o anunciado acordo comercial com um dos países afectados (não se sabe qual) ainda não apareceu; semana após semana, o presidente anda a anunciar acordos comerciais – mas nada; e os danos económicos prolongam-se.

A recessão pode estar bem próxima. Não só nos EUA, mas em muitos países, alerta David Goldman.

Já há números a confirmar a tendência decrescente: na semana passada foi publicado o relatório do primeiro trimestre de 2025 do produto interno bruto (PIB), que revela a primeira contração da economia nos EUA desde o início de 2022. As empresas começaram a armazenar bens para se anteciparem às tarifas; e isso nota-se na economia.

Convém reforçar um detalhe: os números são do primeiro trimestre. As tarifas só começaram a criar esta “loucura” em Abril, ou seja, no segundo trimestre. Ou seja, o próximo relatório deve ser bem pior.

Voltando à China: as tais tarifas de 145% sobre as importações chinesas e uma tarifa de retaliação de 125% da China sobre os produtos dos EUA praticamente interromperam o comércio entre as duas grandes potências – e a China é “só” um dos parceiros económicos mais importantes dos EUA.

Com tudo isto, continua o economista David Goldman, os EUA “estão a poucos dias de perturbações na cadeia de abastecimento semelhantes a uma pandemia, que podem levar a preços mais elevados e a prateleiras vazias“, num cenário que vai fazer lembrar os piores tempos da COVID-19.

Necessários, mas expulsos

Entretanto, o Handelsblatt deixa outro aviso importante sobre a economia nos EUA: Donald Trump está a fazer uma deportação em massa de imigrantes, quando precisa urgentemente de trabalhadores.

A nova política migratória já está a provocar escassez de trabalhadores – e já começaram a surgir empresários a protestar.

Nomeadamente na agricultura: muitos dos agricultores, que até votaram no Partido Republicano nas eleições, agora queixam-se porque não há mão-de-obra suficiente na agricultura.

As deportações, os “apertos”, também chegam a outros sectores e até especialistas altamente qualificados têm dificuldade em entrar nos EUA.

Há especialistas que consideram que a política migratória de Trump é uma contradição com a sua visão da política económica.

Se Donald Trump quer trazer a produção em larga escala de volta ao seu país, precisa urgentemente de trabalhadores para isso. E está a expulsar muitos deles.

ZAP //

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