Os líderes do PAN e da Iniciativa Liberal partilharam, esta sexta-feira, preocupações sobre o ambiente e o Serviço Nacional de Saúde (SNS), temas em destaque no debate televisivo na SIC Notícias, mas distanciaram-se nas soluções para os problemas.
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, e o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, estiveram frente-a-frente na SIC Notícias, num debate marcado essencialmente por dois temas em que partilharam preocupações, mas discordam nas soluções.
Desde logo, os dois candidatos sublinharam a importância das questões climáticas, mas a diferença entre ambos foi apontada por Cotrim de Figueiredo, quando disse que, enquanto a maior preocupação do PAN é o ambiente, a da IL é o crescimento económico “como veículo para resolver os problemas ambientais”.
“As soluções que o PAN propõe conduzem ao empobrecimento dos países”, avaliou o liberal, justificando como exemplo que não é possível reduzir as emissões gases com efeito de estufa sem reduzir a atividade económica.
No mesmo tom cordial que mantiveram, de parte a parte, ao longo dos 25 minutos de debate, o argumento foi imediatamente contrariado por Inês de Sousa Real.
“É falacioso achar que as atividades que hoje estão a poluir geram mais rendimento ao país”, começou por dizer a líder do PAN, acrescentando que, no futuro, Portugal será particularmente afetado pelas alterações climáticas e, por isso, a transição energética será uma inevitabilidade.
Apesar da explicação, Cotrim de Figueiredo insistiu que é do crescimento económico que se deve partir para as políticas ambientais.
O líder da IL considerou ainda que “os planos de intervenção para a correção das alterações climáticas estão a ser usados como espécie de substituto da luta de classes para atacar a economia de mercado e facilitar a intervenção do Estado”.
Em vez disso, a IL propõe para as políticas ambientais uma lógica contratual, que substitua a regulamentar, em que as empresas são compensadas mediante o cumprimento de certos objetivos.
Quanto ao Serviço Nacional de Saúde, os dois candidatos reconheceram problemas no funcionamento atual, mas colocaram-se em polos opostos quanto ao futuro.
Para os liberais, a solução é uma espécie de sistema misto, público mas em que o prestador de cuidados de saúde pode ser privado, mantendo o acesso universal gratuito.
Já a porta-voz do PAN criticou a canalização de investimento para o setor privado, defendendo que o Serviço Nacional de Saúde precisa de ser priorizado e reforçado, sob pena de “transformar a saúde em algo a que apenas alguns podem aceder”.
Ao longo do debate, a questão em que os dois candidatos mais se aproximaram foi na necessidade de alargar a rede ferroviária nacional, mas já no final voltaram a distanciar-se quando o tema dos impostos foi colocado em cima da mesa.
Do lado da IL, Cotrim de Figueiredo insistiu na a taxa única de IRS, afirmando que “o sistema fiscal não pode ser redistributivo ao ponto de ser punitivo”. Inês de Sousa Real, por seu turno, defendeu a introdução de mais dois escalões para beneficiar a classe média.
// Lusa