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Paleontólogos identificam dinossauro que só existia em Portugal e Inglaterra

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(dr) dinoanimals.pl

Só há até agora exemplares conhecidos de Duriatitan humerocristatus em Portugal e na Grã-Bretanha

Só há até agora exemplares conhecidos de Duriatitan humerocristatus em Portugal e na Grã-Bretanha

Uma investigação de uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis identificou, através de um úmero descoberto em Peniche, a presença de uma espécie de dinossáurios saurópodes comum a Portugal e ao Reino Unido.

A descoberta foi realizada por uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis no âmbito de um novo estudo sobre dinossáurios saurópodes do Jurássico Superior de Portugal, ou seja, com cerca de 145 a 150 milhões de anos.

“O úmero tinha sido encontrado antes de 1957, na Praia dos Frades, Peniche, mas só com este trabalho tivemos a possibilidade de perceber que se tratava de Duriatitan humerocristatus, espécie só antes conhecida no Jurássico Superior do Reino Unido”, explicou à Lusa o paleontólogo Pedro Mocho.

O estudo, publicado recentemente no Journal of Iberian Geology, “marca a descoberta da primeira ocorrência da espécie Duriatitan humerocristatus no território português”, género que, até aqui, era considerado exclusivo do registo do Jurássico Superior do Reino Unido.

A equipa de investigadores, constituída por Pedro Mocho (UNED/SHN), Rafael Royo-Torres, Elisabete Malafaia, Fernando Escaso e Francisco Ortega, estudou os saurópodes do Jurássico Superior Português, dinossauros herbívoros que podiam alcançar mais de 20 metros de comprimento e são conhecidos por possuírem pescoço e cauda compridos.

(cc) dinosaurier-info.de

O Duriatitan humerocristatus podia atingir os 20m de comprimento

O Duriatitan humerocristatus podia atingir os 20m de comprimento

Durante os quatro anos do estudo, os paleontólogos tiveram oportunidade de rever as vastas colecções de dinossáurios do Museu Geológico de Lisboa, que alberga “uma das colecções de vertebrados mesozoicos mais importantes do continente europeu, com alguns exemplares coletados há mais de 100 anos”, considerou Pedro Mocho.

Segundo Pedro Mocho, foram precisos vários meses para “encontrar, identificar e estudar todo o material atribuível a dinossáurios saurópodes”, que inclui desde peças em exposição a outras, “nunca antes estudadas” e depositadas nas reservas do museu.

O trabalho agora publicado atualiza o conhecimento sobre a coleção clássica do Museu Geológico, reconhecendo-se “representantes de quase todos os grupos de saurópodes que se conheciam no Jurássico Superior Português, como os camarassaurídeos, turiassáurios, diplodocóides e braquiossaurídeos”.

Além da identificação destes grupos de saurópodes o investigador destaca “a presença de um úmero isolado”, encontrado na primeira metade do século XX (antes de 1957), na Praia dos Frades, em Peniche, e que passou despercebido mais de meio século.

Contudo, revelou Pedro Mocho, “o seu estudo detalhado permitiu identificar uma característica única neste tipo de dinossáurios: a presença de uma crista marcada na face posterior do úmero”.

após uma visita ao Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, em 2014, a equipa de paleontólogos “voltou a encontrar a mesma característica, desta vez no úmero de Duriatitan humerocristatus”, saurópode descoberto no Reino Unido em rochas contemporâneas às rochas onde foi encontrado o exemplar português, ou seja, entre 145 a 150 milhões de anos.

O estudo agora publicado permitiu assim “identificar, pela primeira vez, a presença de uma espécie de dinossáurios saurópodes comum em ambos os territórios, Portugal e Reino Unido, e acrescenta nova informação sobre as relações e distribuição dos dinossáurios europeus durante o Jurássico Superior”, concluiu o investigador.

A velha aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha pode afinal ser muito mais antiga do que se pensava.

ZAP / Lusa

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