Campos fecham, centros transformados em armazéns, quase 100 empresas declaram falência. Será só na Suécia?
“O quê? Ténis? Ainda jogas ténis!? Experimenta padel!”.
De repente, o padel passou de uma palavra desconhecida para um assunto quase obrigatório em muitas conversas, sobretudo entre jovens.
A “padelmania” instalou-se em muitos países, incluindo Portugal, e começaram a espalhar-se campos de padel, quer em centros próprios, quer em parques urbanos, quer junto a campos de outras modalidades.
Já tem direito a transmissão televisiva em directo em diversos países – novamente incluindo Portugal.
Até uma empresa de Cristiano Ronaldo se envolveu no negócio: vai ser construída a Cidade do Padel em Oeiras. 17 campos, 11 deles cobertos.
“O crescimento do padel em Portugal continua a dar-se de forma quase exponencial”, assegura Ricardo Oliveira, presidente da Federação Portuguesa de Padel, em declarações ao Jornal de Notícias. São mais de 250 mil praticantes no país, revela.
Fracasso, falências
Mas o boom do padel já passou. E já se transformou em fracasso. Pelo menos na Suécia.
A agência Bloomberg avisa que há centros da modalidade que estão a ser transformados em armazéns ou mercados; e 90 empresas ligadas ao padel já declararam falência.
A loucura transformou-se num pesadelo para os investidores.
Refira-se que a Suécia foi um dos primeiros países que o padel conquistou. Mas, agora, é precisamente na Suécia que milhares de campos estão a fechar: há maior concorrência, a inflação subiu.
E, essencialmente, o interesse desceu. O “apetite” da classe média pelo padel parecia insaciável – mas não era.
Além disso, passar de 300 para 3.500 campos de padel, em pouco tempo, foi “insustentável”, defende a experiente jogadora Andreas Ehrnvall. Foi uma expansão mal calculada, sobretudo entre 2018 e 2021.
Por exemplo, numa cidade onde 20 campos já seriam suficientes, foram construídos 100 campos – em Uppsala, que tem menos de 200 mil habitantes.
Curiosamente, parte do negócio expandiu-se com a participação de outra “estrela” do futebol: Zlatan Ibrahimović.
A velocidade das construções e aberturas de campo foi semelhante à velocidade actual dos encerramentos. Ou há falência, ou há perdas de milhões de euros; ou há venda para o espaço se transformar num armazém ou loja.
A “corrida ao ouro” transformou-se num problema. O excesso de oferta é um problema.
Mesmo assim, a consultora Deloitte prevê que, a nível global, o negócio do padel movimente 3.75 mil milhões de euros até 2026. O número de campos deve duplicar (passar para 85 mil) nos próximos três anos.
Eu vivo na Suécia à 13 anos, jogo padel cerca 3 vezes por semana em diversos sítios aqui, e sei da situação.
O padel é não é fracasso na Suécia – pelo contrário mais e mais pessoas continuam a aderir à modalidade. Continuam-se a construir novos centros de padel hoje em dia (sobretudo cidades com pouca oferta de centros de padel).
O problema é que, em certas cidades, construiu-se muito em tão pouco tempo. Isto não é um problema do desporto em si – qualquer investimento, incluindo no padel, é sujeito à lei da procura e da oferta.
Sem contar que é uma idiotice!!!