Pacientes paralisados conseguiram voltar a andar graças a choques elétricos

Pacientes paralisados conseguiram voltar a andar graças a uma terapia com choques elétricos. Os resultados do estudo são altamente promissores.

Normalmente, uma lesão grave na medula espinal é sinónimo de paralisia permanente. No entanto, uma nova técnica pode oferecer esperança aos pacientes paralisados por danos na medula espinal.

Neste novo estudo, os pacientes foram submetidos a um regime de estimulação elétrica, recuperando a sua capacidade de voltar a andar. Depois, os cientistas compararam os resultados aos de ratos que receberam um tratamento semelhante.

Isso permitiu aos investigadores identificarem os neurónios provavelmente subjacentes à sua recuperação. Os autores identificaram duas populações neurais que pareciam orquestrar as reconexões de células nervosas após a lesão em animais.

Os autores identificaram ainda duas subpopulações de interneurónios excitatórios que expressaram os marcadores genéticos Vsx2 e Hoxa10 como potenciais condutores da recuperação em animais.

De acordo com a The Scientist, se esses neurónios funcionarem da mesma forma em humanos, isso poderá levar a melhores tratamentos.

A estimulação elétrica epidural (EEE) já foi usada experimentalmente para restaurar a habilidade de caminhar em pacientes com “lesão motora completa da medula espinal”. Esta é uma lesão que permite alguma sensação, embora impeça totalmente o movimento voluntário dos membros.

Por sua vez, a equipa de investigadores na Suíça usou agora a estimulação elétrica em pacientes com lesões crónicas na medula espinal. Os resultados do estudo foram publicados recentemente na conceituada revista Nature.

Embora o potencial da EEE já tenha sido evidenciado em 2018, os investigadores nunca perceberam totalmente como é que funcionava. A equipa da neurocientista Grégoire Courtine, da Escola Politécnica Federal de Lausana, que participou no estudo de 2018, propôs-se saber mais.

Os pacientes paralisados foram submetidos a cinco meses de tratamento de EEE, fisioterapia e reabilitação. Seis tinham alguma sensibilidade nas pernas após os ferimentos, mas três dos pacientes ficaram totalmente paralisados da cintura para baixo.

Os participantes tinham um neuroestimulador implantado cirurgicamente na superfície da coluna lombar para ativar as raízes nervosas motoras à medida que saem da medula.

À medida que cada pessoa progredia e recuperava a capacidade de andar, os níveis de atividade nervosa perto do local da lesão diminuíam.

Após os cinco meses, os pacientes conseguiam andar usando um dispositivo auxiliar, e aqueles que tinham função parcial da medula espinal antes da estimulação podiam andar sem ele.

Daniel Costa, ZAP //

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