Entre quase dez elementos encontrados, o enxofre pode ser o primeiro sinal da presença de água gelada potável no misterioso pólo sul. A entrar na última semana de vida, o rover Pragyan vai ainda estudar a atmosfera e atividade sísmica do nosso satélite natural.
O Chandrayaan-3 chegou há apenas uma semana ao nunca antes explorado pólo sul da Lua, mas já está a encontrar vários elementos durante a sua procura por gelo no território lunar, entre os quais oxigénio e enxofre.
O rover espacial da Índia — que é a quarta nação do mundo a alunar e primeira a fazê-lo no seu pólo sul — confirmou esta quarta-feira a presença de enxofre, mas não só.
“O instrumento de Espectroscopia de Rutura Induzida por Laser (LIBS) a bordo do Rover Chandrayaan-3 fez as primeiras medições in-situ de sempre sobre a composição elemental da superfície lunar perto do polo sul”, confirmou na segunda-feira a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO).
Chandrayaan-3 Mission:
On August 27, 2023, the Rover came across a 4-meter diameter crater positioned 3 meters ahead of its location.
The Rover was commanded to retrace the path.It’s now safely heading on a new path.#Chandrayaan_3#Ch3 pic.twitter.com/QfOmqDYvSF
— ISRO (@isro) August 28, 2023
A presença, na superfície lunar, de alumínio, cálcio, ferro, crómio, titânio, magnésio e silício também foi confirmada pela agência espacial.
“Uma investigação completa sobre a presença de hidrogénio está em curso”, acrescentou a agência.
O que significa a presença de enxofre no pólo sul?
A presença de enxofre — elemento volátil que facilmente se evapora — no pólo sul, apesar de garantida desde a década de 1970 a partir das amostras da Apollo e Luna, são vistas como “um tremendo feito” garante Noah Petro, cientista da NASA, à BBC.
O achado pode ser um sinal da presença de água gelada, que se pensa estar presa nas crateras da região e, provavelmente, esteve exposta a radiação lunar que resultou na emissão de enxofre. A descoberta do elemento indica que terá havido atividade vulcânica recente.
“Acho que a ISRO está a sublinhar que é in-situ — por isso é importante ter medido enxofre na superfície lunar. O enxofre é um elemento volátil se não estiver dentro de um mineral. Portanto, se não fizer parte de um cristal, é muito interessante vê-lo medido na superfície”, acrescentou Petro.
O enxofre é visto também como um absorvente de contaminantes, segundo o The Statesman, e pode servir como uma “proteção” da água gelada da Lua contra materiais ou compostos que lhe possam ser prejudiciais.
Novidades na temperatura lunar
No passado domingo, a ISRO disse ter recebido o primeiro conjunto de dados sobre as temperaturas no solo lunar e até uma profundidade de 10cm abaixo da superfície, a partir de uma sonda a bordo do módulo Vikram.
A ChaSTE está equipada com 10 sensores de temperatura individuais e apresentou alguns resultados interessantes. Um gráfico publicado no X pela agência mostrou uma acentuada diferença nas temperaturas acima e abaixo da superfície.
Chandrayaan-3 Mission:
Here are the first observations from the ChaSTE payload onboard Vikram Lander.ChaSTE (Chandra’s Surface Thermophysical Experiment) measures the temperature profile of the lunar topsoil around the pole, to understand the thermal behaviour of the moon’s… pic.twitter.com/VZ1cjWHTnd
— ISRO (@isro) August 27, 2023
Enquanto a temperatura na superfície era quase de 60°C, caía acentuadamente abaixo da superfície, descendo para -10°C a 80 mm (aproximadamente 3 polegadas) abaixo do solo.
A Lua, no entanto, é conhecida por abrigar temperaturas extremas: segundo a NASA, as temperaturas diurnas perto do equador lunar atingem 120°C, enquanto as temperaturas noturnas podem descer a -130°C. Os polos da Lua serão ainda mais frios.
O que vai acontecer nos próximos dias?
O Pragyan, rover de seis rodas movido a energia solar, vai continuar a circular pelo pólo sul à procura de água congelada que pode fornecer uma fonte de água potável ou combustível de foguetões aos futuros astronautas. Uma semana já passou naquela que é uma luta contra o tempo, uma vez que o Pragyan tem uma esperança de vida de apenas duas semanas.
Através das imagens e informação vindas do rover nos próximos dias, a atmosfera e atividade sísmica do nosso satélite natural também vai ser estudada.
Os cientistas acreditam na presença de um gigantesco reservatório de gelo nas crateras permanentemente sombreadas do polo sul, algumas das quais não recebem luz solar há mil milhões de anos e apresentam temperaturas assustadoras que atingem os -203°C — se tudo correr conforme planeado, a Chandrayaan-3 vai confirmar tais crenças.
Independentemente dos resultados, a alunagem no pólo sul consolida o estatuto da Índia como uma potência espacial emergente, alinhando-se com as ambições do Governo de impulsionar investimentos em lançamentos espaciais privados e em empresas associadas a satélites.
A sonda ainda pensou que fosse caril, mas afinal era só enxofre…
Pode ser que encontrem vinho…
“…vai continuar a circular pelo pólo sul à procura de água congelada que pode fornecer uma fonte de água potável ou combustível de foguetões aos futuros astronautas…”
Humanos a continuar a destruir a natureza… A água, se existir, de certo não será ilimitada… Enfim…
O rover Pragyan vai ainda estudar a atmosfera e atividade sísmica do nosso satélite natural, oque quer dizer que afinal ninguém sabe de nada,nem os maiores cerebros até agora sabiam da actividade ” sísmica “, continuando a noticia parece obvio que se o rover se move com energia solar não poderá estudar cratera nenhuma pois segundo a noticia não recebe luz solar há mais de mil milhoes de anos…Dá para entender a lavagem cerebral?
A dado momento fala-se em “silicone”. Deverá referir-se ao Silício (em inglês, Silicon) já que é uma listagem de elementos químicos, apesar deste estar muito provavelmente na forma de Sílica (óxido de Silício) integrando a estrutura de um qualquer mineral, provavelmente um feldspato.
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.