Um ovo de Páscoa com 84 anos, nunca aberto, vai agora ser leiloado. A proprietária da iguaria, Sybil Cook, recebeu-o quando tinha nove anos, mas acabou por não o abrir devido à invasão da Polónia por Hitler e ao início da Segunda Guerra Mundial.
“Com a guerra a aproximar-se, o tio disse-lhe: “tem cuidado com isso, minha menina, pode não haver nenhum chocolate por perto em breve. Disse-lhe que o racionasse. Surpreendentemente, era tão disciplinada e respeitosa com os mais velhos que nunca comeu um único pedaço”, contou a filha de Sybil, Gill Bolter, de 61 anos.
Sybil guardou o ovo durante os anos de guerra e nunca o abriu. Faleceu em 2021, com 91 anos, relatou o Guardian.
O ovo “Mary Mary Quite Contrary” ainda tem o papel azul e branco, com uma cena decorativa onde se vê uma rapariga com um regador. A caixa onde está armazenado tem o nome do proprietária, escrito a lápis, e o ano de 1939.
A iguaria será vendida num leilão do Hansons Auctioneers, no Reino Unido, que irá decorrer a 18 de maio, com um preço de orientação entre as 600 e as 800 libras (entre 608 e 907 euros).
Gill recordou como a sua mãe “amava a vida e o chocolate” e disse que teria acabado de fazer nove anos quando o seu tio deu-lhe o ovo como presente, em 1939. “Quando perguntámos como tinha conseguido guardar o ovo durante tanto tempo, disse-nos que, tendo-o guardado durante a guerra, não parecia correto comê-lo”, referiu.
E acrescentou que a mãe tinha riscado “um pouco do papel da frente quando era pequena, só para verificar se havia chocolate por trás”.
Tendo-o mantido em segurança durante toda a sua infância, Gill indicou que a mãe tinha levado o ovo com ela quando casou, em 1955. Durante 60 anos, escondeu-o numa prateleira do quarto. Morava na cidade de Neath, no País de Gales.
“Seria encantador se o ovo fosse para um museu ao lado das memórias de guerra da minha mãe”, notou ainda Gill.
Charles Hanson, o proprietário de Hansons Auctioneers, disse que a história era uma recordação da austeridade do tempo de guerra, da obediência respeitosa “e de uma menina que era tão rigorosa consigo mesma que não se permitia o mais ínfimo mordiscar do seu petisco preferido”.
“O ovo de Sybil é um lembrete desses dias difíceis. Ela veio de uma geração que compreendia as dificuldades. Aprenderam a acarinhar e a apreciar as mais pequenas coisas. É um traço de carácter muito bonito de se ter”, acrescentou.