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Ovelhas macho castradas vivem mais tempo. Pode o mesmo acontecer com os homens?

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Um novo estudo mostra que as hormonas masculinas representam um papel no envelhecimento de ovinos, o que significa que os animais castrados vivem mais tempo. Agora, cientistas querem perceber se o mesmo aconteceria com os humanos.

Tal como acontece nos humanos, a esperança média de vida dos machos da maioria das espécies tende a ser menor do que a das fêmeas.

As hipóteses para que isso aconteça, pelo menos nos seres humanos, variam desde o estilo de vida — por norma, os homens fumam e bebem mais do que as mulheres — até à teoria de que o estrogénio protege contra certas condições, diminuindo o risco de desenvolver AVC e doenças cardíacas. Mas há ainda a teoria do “cromossoma X não vigiado”, que diz que o menor cromossoma Y masculino é incapaz de “esconder” um cromossoma X que carrega mutações que podem levar a ameaças à saúde.

Agora, um novo estudo, publicado no início do mês de julho na eLife, sugere que pode haver uma forma de diminuir essa diferença na esperança média de vida entre homens e mulheres. Mas terá um preço.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, e da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, decidiu investigar um fenómeno há muito conhecido nos ovinos machos, que faz com que vivam mais tempo.

“Tanto agricultores como cientistas sabem, há algum tempo, que os ovinos machos castrados vivem em média muito mais tempo do que os não castrados; no entanto, esta é a primeira vez que alguém analisou o ADN para ver se também envelhece mais lentamente”, disse a principal autora do estudo, Victoria Sugrue, estudante de doutoramento em Anatomia, num comunicado.

Segundo relata o IFL Science, os investigadores começaram por criar um “relógio epigenético”, testando os níveis de metilação do ADN — que é um bom indicador da idade biológica e preditor de mortalidade — de um grande número de ovinos.

De seguida, compararam os níveis de metilação em machos castrados e não castrados e descobriram que o relógio epigenético dos machos castrados é diferente dos não castrados.

“Verificámos que os machos e as fêmeas têm padrões muito diferentes de envelhecimento de ADN nas ovelhas; e que, independentemente de serem machos, os animais castrados tinham características muito femininas em locais específicos do ADN”, disse o coautor do artigo, Tom Hore.

“Curiosamente, os locais mais afetados pela castração também se ligam a recetores de hormonas masculinas em humanos a um ritmo muito maior do que seria de esperar. Isto proporciona uma ligação clara entre castração, hormonas masculinas e diferenças específicas de sexo no envelhecimento do ADN“, explicou.

Posteriormente, a equipa estudou os níveis hormonais e os padrões de ADN nos tecidos de ratos e descobriu que, em locais onde se encontram recetores hormonais masculinos — tais como a pele, rins e cérebro —, havia grandes diferenças nos padrões de envelhecimento do ADN, que não estavam presentes nos tecidos sem recetores hormonais masculinos.

“A maioria dos investigadores utiliza o sangue para medir a idade biológica e nós também o fizemos para as ovelhas. Contudo, não foi no sangue, mas sim na pele, que encontrámos efeitos de envelhecimento específicos do sexo no ADN das ovelhas”, disse Hore.

Embora esta investigação seja interessante e aumente a nossa compreensão do efeito das hormonas masculinas no envelhecimento, ainda são necessárias mais investigações para determinar se o mesmo efeito pode ser visto nos seres humanos.

ZAP //

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