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Ouvir música dá trabalho. E o cérebro que o diga

Ouvir música é um trabalho complexo, mesmo para o nosso cérebro. Um estudo recente concluiu que a fala e a melodia são são processadas em dois hemisférios cerebrais diferentes.

A perceção da fala e da música é possibilitada por sistemas neurais especializados em diferentes hemisférios do cérebro, minuciosamente adaptados para responder de maneira diferente a características específicas na estrutura acústica da música, segundo um recente estudo, publicado no dia 28 de fevereiro na Science.

Os cientistas sabem há décadas que os dois hemisférios do cérebro humano respondem à fala e à música de forma distinta, mas esta nova investigação utilizou uma abordagem única para revelar o motivo pelo qual existe esta especialização: no fundo, depende do tipo de informação acústica do estímulo.

Numa música, a fala e a melodia surgem entrelaçadas, e a capacidade de os seres humanos reconhecerem e separarem as palavras da melodia numa única onda sonora contínua é um verdadeiro desafio cognitivo.

Os cientistas sustentam que a perceção da fala depende da capacidade de processar modulações temporais de curta duração, enquanto que a melodia depende da capacidade de processar modulações como flutuações na frequência.

No entanto, segundo explica o portal EurekAlert, ainda não está claro se esta assimetria cerebral decorre das diferentes pistas acústicas da fala e da música ou de redes neurais específicas.

Ao combinar dez frases originais com dez melodias originais, Philippe Albouy e a sua equipa criaram uma coleção de 100 músicas únicas a cappella, que continham informações acústicas no domínio temporal (fala) e espectral (melodia). A natureza das gravações permitiu aos autores manipular as músicas e degradar seletivamente cada uma delas no domínio temporal ou espectral.

Os investigadores descobriram que a degradação das informações temporais prejudicava o reconhecimento de fala, mas não o reconhecimento de melodia. Por outro lado, a perceção da melodia diminuiu apenas com a degradação espectral da música.

Os participantes do estudo realizaram uma ressonância magnética enquanto distinguiam os sons e a análise desses dados revelou uma atividade neural assimétrica: o processamento da fala ocorre no córtex auditivo esquerdo, enquanto que o processamento melódico ocorre no córtex auditivo direito.

O estudo mostra que a música e a fala exploram diferentes extremos do continuo espectro-temporal, e que a especialização hemisférica pode ser a maneira de o sistema nervoso otimizar o processamento destes dois métodos de comunicação.

ZAP //

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