Os primeiros humanos eram “abutres” que rapinavam restos deixados pelos grandes felinos

ZAP // NightCafe Studio

Uma nova simulação por computador revela que os humanos primitivos sobreviveram a alimentar-se dos restos de grandes felinos como tigres-de-dente-de-sabre, hienas gigantes e o jaguar europeu.

Num novo estudo, uma simulação por computador sugere que os primeiros humanos que viveram há cerca de 1,5 milhões de anos na Península Ibérica eram provavelmente necrófagos que sobreviviam alimentando-se dos restos deixados pelos tigres-de-dente-de-sabre.

Esta conclusão, diz a Discover, lança novas pistas sobre os hábitos alimentares e estratégias de sobrevivência dos primeiros humanos durante a Última Idade do Gelo.

O estudo colocou uma questão crucial: como conseguiram os primeiros humanos, possivelmente Homo erectus ou outros hominídeos primitivos, sobreviver num ambiente desafiador povoado por predadores como tigres-de-dente-de-sabre e hienas gigantes com mais de 90 quilogramas?

Há décadas que os cientistas consideram que os primeiros humanos poderiam ter-se alimentado dos restos frescos das presas destes predadores.

O novo modelo computacional, apresentado a semana passada num artigo publicado na Scientific Reports, vem agora apoiar esta teoria, mas com uma perspetiva adicional: para ter sucesso na sua “rapinagem”, os humanos precisavam de confrontar e ocasionalmente afastar esses formidáveis predadores.

Na simulação, os investigadores criaram uma paisagem virtual onde testaram as interações entre os primeiros grupos de caçadores-recoletores humanos e duas espécies de tigres-de-dente-de-sabre, bem como o extinto jaguar europeu.

Foram feitas mais de 400 rondas da simulação para determinar a viabilidade de um estilo de vida baseado em necrofagia para os primeiros humanos.

O estudo concluiu que uma abordagem passiva era insuficiente. Em vez disso, os “pseudo-humanos” da simulação precisavam de se envolver ativamente e confrontar ocasionalmente predadores como a hiena gigante.

Um grupo de cerca de 10 humanos revelou ser o número ideal para afastar os predadores, permitindo-lhes rapinar comida suficiente. Adicionar mais pessoas ao grupo era contraproducente, uma vez que as desvantagens do aumento do número de bocas a alimentar superavam os benefícios.

Além disso, a densidade de tigres-de-dente-de-sabre na área era outro fator significativo. O seu número determinava a disponibilidade de restos para os humanos recolherem, influenciando assim a sobrevivência das populações humanas primitivas.

A simulação incorporou dados de espécies agora extintas encontradas na Europa antiga, como o Homotherium latidens, um grande tigre-de-dente-de-sabre conhecido pela sua grande velocidade e poderosos dentes.

Estas características provavelmente permitiam-lhe perseguir as suas presas até estarem exaustas, deixando potenciais oportunidades de necrofagia para os primeiros humanos.

O estudo sugere ainda que esta atividade de necrofagia em grupo terá ainda ajudado os humanos a desenvolver a sua linguagem e a usar ferramentas — dois recursos importantes quando temos que coordenar esforços para apanhar os restos da caçada de um grande felino… evitando ser logo a seguir a sua próxima presa.

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