Os portugueses são progressistas, mas ainda há quem tenha saudades de Salazar

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António Pedro Santos / Lusa

Um estudo, divulgado esta terça-feira, revelou que os portugueses se assumem como progressistas, mas estão “zangados” com o atual panorama democrático. Só 44% dos inquiridos rejeitou o salazarismo.

Os portugueses assumem-se como progressistas, defensores do ambiente e dos direitos de homossexuais e imigrantes, mas desconfiam dos políticos, criticam a qualidade da democracia e arriscam ser seduzidos por populismos de direita “num futuro próximo”.

Apresentado esta terça-feira na Fundação Mário Soares e Maria Barroso, o estudo “Entre Pluralismo e Populismo: Democracia, Migração e Estado Social aos olhos dos portugueses”, realizado pela Fundação Friedrich Ebert em colaboração com o ISCTE, baseia-se em entrevistas telefónicas, com 1.017 inquéritos validados, e decorreu em outubro de 2023, ainda antes da queda do anterior Governo e da marcação de eleições legislativas antecipadas.

Apesar de a maior parte se ter assumido como “progressista”, há ainda quem não tenha conseguido esquecer Salazar: “apenas 44% rejeita o salazarismo”, concluiu o estudo.

As entrevistas revelaram que os portugueses se veem como progressistas; defensores do combate às alterações climáticas (82%);dos direitos dos filhos dos imigrantes, nomeadamente o direito à nacionalidade portuguesa se nascidos em Portugal (74%); e dos direitos dos casais homossexuais, designadamente na equiparação de direitos aos casais heterossexuais na adoção (61%),.

Uma maioria de inquiridos afirma ainda sentir-se muito ligada à Europa (72%).

No entanto, “57 % dos portugueses querem ter prioridade sobre os imigrantes no acesso à habitação e 44 % no acesso ao emprego”, refere a súmula do estudo, que acrescenta que há 26% de inquiridos que acha que os imigrantes não devem ter os mesmos direitos que os portugueses e 23% que entende que os imigrantes empobrecem a vida cultural portuguesa.

Seduzidos pelo populismo

É entre os eleitores da esquerda parlamentar que mais se encontram pessoas que se declaram progressistas, já entre os de direita é onde se encontram mais críticos dos políticos e do funcionamento da democracia em Portugal, com 61,25% dos eleitores deste espetro político a declarar-se “nada satisfeito”.

Segundo os resultados, a maioria acredita que “a democracia é um compromisso entre diferentes interesses e opiniões” (81%) e que uma pessoa que tem uma opinião política diferente “não é má” (72%), mas há também uma maioria que “acha que os políticos são desonestos” (66%) e que “o país precisa de um líder forte que possa decidir rapidamente sobre tudo” (62%).

Os resultados mostram ainda, segundo os autores que “sobretudo os simpatizantes da direita, que parecem ser os mais insatisfeitos com o funcionamento da democracia em Portugal, correm o risco de se deixar seduzir por populistas que rejeitam o pluralismo, a ciência e a democracia representativa”.

Sobre os riscos de cedência a populismos, o estudo apresenta duas conclusões aparentemente conflituantes.

Por um lado, conclui-se que os portugueses são “cosmopolitas, amam a Europa e aceitam a migração como parte da sua natureza”, mas “se o Estado não se mostrar presente nas políticas públicas para melhorar as infraestruturas públicas, os populistas podem facilmente atrair eleitores”.

Por outro lado, conclui-se que “os portugueses valorizam a ciência como base para decisões difíceis, o pluralismo democrático de opiniões e debates justos”, pelo que “por conseguinte, não compensa ser um político populista em Portugal”.

As pessoas de esquerda confiam mais no Estado, nos partidos e nos seus políticos do que as pessoas de direita. A direita moderada arrisca-se a perder votos porque os seus apoiantes têm menos confiança na democracia”, lê-se ainda nas conclusões.

Os portugueses revelaram ainda um elevado nível de valorização do papel dos sindicatos, com 69% a defender que “são precisos sindicatos fortes para proteger as condições de trabalho”, mas com 75% a revelar nunca ter pertencido a um.

A participação político-partidária também é baixa, entre os portugueses, com 80% a afirmar nunca ter militado num partido.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. OU seja …..praticamente 60% de Cidadãos , tem Saudades da Ditadura pura e dura . Custa-me a acreditar neste pseudo “Estudo” ! . A não ser que fosse encomendado por a Extrema Direita , assim já faria sentido !

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