Os nanoplásticos, muito menores e potencialmente mais perigosos que os microplásticos, estão a suscitar sérias preocupações entre os cientistas.
Ao contrário dos microplásticos, visíveis ao microscópio, os nanoplásticos são quase invisíveis, com apenas alguns nanómetros de tamanho.
A sua formação ocorre quando plásticos maiores se degradam devido a fatores ambientais, como a luz UV ou enzimas naturais.
Um estudo recente, publicado o mês passado na Nature, descobriu que também certos organismos marinhos, como o plankton e o krill, degradam os plásticos em nanoplásticos.
“O minúsculo tamanho dos nanoplásticos desafia a sua deteção, exigindo técnicas avançadas para além dos microscópios tradicionais”, explica à Vice o químico ambiental Eric Lichtfouse. “Para detetarmos microplásticos, basta um simples microscópio”.
Para termos uma noção da diferença de tamanho entre microplásticos e nanoplásticos, se um microplástico tivesse o tamanho de uma bola de futebol, um nanoplástico teria o tamanho de um grão de arroz.
Segundo Stacey Harper, professora de nanotoxicologia da Oregon State University, a única forma de detetar nanoplásticos passa por filtrar a água do mar com produtos químicos e procurar assinaturas químicas dos plásticos.
A ameaça dos nanoplásticos é multifacetada, realçam os dois investigadores. O seu pequeno tamanho permite uma maior área de superfície, aumentando a reatividade com compostos ambientais — o que pode levar à libertação de monómeros tóxicos.
Os nanoplásticos têm também maior capacidade de atrair e transportar químicos nocivos, representando riscos ambientais.
As preocupações com a saúde são igualmente alarmantes. Os nanoplásticos podem penetrar barreiras celulares, algo que os microplásticos não conseguem.
Um estudo publicado na Science Advances, também no mês passado, mostrou haver interação de nanoplásticos com proteínas associadas a doenças como Parkinson e demência, e a sua capacidade de atravessar barreiras placentárias e afetar células cerebrais.
Apesar destes estudos recentes, o conhecimento do impacto dos nanoplásticos na na saúde humana é ainda muito limitado, e, segundo alguns investigadores, apesar de não serem tóxicos, é necessário estudar o efeito potencial da exposição prolongada a nanoplásticos em doenças como o cancro.
“Os nanoplásticos podem ser o novo amianto“, diz Lichtfouse.