Uma investigação liderada pela Universidade de Viena, na Áustria, usou dados demográficos de macacos japoneses – uma espécie da família dos macacos do Velho Mundo – para mostrar que, ao contrário dos humanos, não há mortalidade materna ligada ao parto nestes primatas.
Um bebé com uma cabeça grande pode causar sérias complicações durante o parto. Aliás, em países com cuidados médicos precários, cerca de 1,5% das mães chegam mesmo a falecer após o nascimento da criança.
Apesar de os macacos terem uma proporção semelhante entre a pélvis e a cabeça fetal, não enfrentam complicações no parto e mortalidade materna semelhantes às dos humanos.
Para chegar a esta conclusão, investigadores liderados pela Universidade de Viena conduziram um estudo no qual analisaram dados demográficos de nascimentos e mortes recolhidos de uma população de macacos japoneses em Landskron, na Áustria.
Durante um período de 27 anos, 281 crias nasceram de 112 macacos fêmeas. “Fomos capazes de mostrar que nem uma única fêmea morreu na sequência do nascimento das suas crias”, salientou a antropóloga evolucionista Katharina Pink, citada pelo EurekAlert.
Este resultado sugere que os macacos japoneses não enfrentam o mesmo risco de mortalidade materna que os humanos, apesar de terem uma proporção pélvis-cabeça igualmente estreita.
“Achamos que a cintura pélvica e os músculos do assoalho pélvico em macacos têm maior flexibilidade durante o trabalho de parto em comparação com os humanos e que a dinâmica do nascimento é menos restrita devido a diferenças na morfologia pélvica”, explicou a investigadora Barbara Fischer.
Existem muito poucos relatórios científicos sobre o nascimento de macacos, mas os eventos de nascimento até agora descritos mostram que os primatas não humanos preferem intuitivamente as posições de parto em pé ou de cócoras, fazendo uso da flexibilidade da sua pélvis.
“Estas observações podem inspirar estudos futuros para entender melhor como a liberdade de movimento durante o parto fisiológico pode levar a cuidados mais individualizados e menos invasivos para as mães”, rematou Pink.
Os resultados do estudo foram publicados, este mês, na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).