Os filhos de pais primos correm realmente riscos genéticos?

Apesar de no Ocidente ser uma prática rara, em algumas zonas do globo, o casamento entre primos é recorrente.

É uma espécie de mito urbano, mas que neste caso acaba por ser justificado e apoiado pela ciência. Serão os filhos de casais com ligações familiares, primos especificamente, mais propensos a certas doenças? Atualmente, estas relações não são bem vistas, sobretudo no Ocidente, mas é importante não esquecer que as uniões entre familiares ainda representam uma percentagem significativa em algumas partes do mundo, especificamente em África e na Ásia.

O motivo pelo qual deixaram de ser recorrentes pode ser atribuído a uma decisão da Igreja do Ocidente, que mais tarde se tornaria a Igreja Católica Romana, durante a Idade Média. À luz da nova lei, os casamentos entre primos estavam proibidos, o que deu início a um tabu que duraria séculos.

No entanto, tal só se aplicava a uma parte do globo, pelo que na restante os casamentos entre primos continuaram a existir. É nestes casos que os cientistas se baseiam para estabelecer que a mortalidade entre filhos de casais formados por primos em primeiro grau é 3.5% mais alta que em casais sem relações familiares. Outra consequência identificada tem que ver com os riscos de problemas genéticos.

Como é conhecido, o ser partilha 50% do seu ADN com cada um dos progenitores e irmãos, ao passo que com os primos a percentagem é de 12.5%. Como tal, quando dois primos têm um filho, os genes estão limitados, o que quer dizer que variantes genéticas semelhantes têm mais probabilidade de aparecer e originar problemas.

Os humanos herdam uma cópia de cada gene de cada um dos pais. Caso esses genes sofram mutações, podem originar várias doenças. Quando apenas uma cópia dos genes precisa de ser modificada para causar uma doença, esta é autossómica dominante. Mas no caso de duas cópias de um gene serem necessárias, uma doença é autossómica recessiva.

Uma pessoa que tenha apenas uma cópia de um gene recessivo é um portador, ou seja, não têm a doença mas pode transmiti-la, destaca o IFL Science.

No caso de dois primos, como partilham mais ADN do que duas pessoas aleatórias, a probabilidade de transmitirem um gene danificado é maior. Se um dos avós que partilham é igualmente um portador de um gene, aí a probabilidade dos seus filhos (e pais dos primos) a terem é de 50%. Como tal, o risco de os filhos também terem é maior e, por consequência, os seus descendentes.

A probabilidade de tal incidente genético acontecer é de cerca de 3%, mas o número duplica para 6% em filhos cujos pais são primos.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.