O US Fish and Wildlife Service (USFWS) tornou público o seu plano para matar quase meio milhão de corujas. O motivo por trás do abate em massa é a sobrevivência de outra espécie.
O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (USFWS) divulgou um plano que propõe a eliminação de cerca de 450 mil corujas ao longo de 30 anos.
O projeto é polémico, mas tem como objetivo salvar outra espécie da extinção: a coruja-pintada-do-norte, seriamente ameaçada pela competição com a coruja-barrada, uma espécie invasora, revela o comunicado.
O alcance crescente desta coruja invasora pode também colocar em risco o futuro de outra espécie, a coruja-pintada da Califórnia.
“A gestão da coruja-barrada não é sobre uma coruja versus outra. Sem esta gestão ativa, as corujas-pintadas-do-norte serão extintas em toda ou na maioria da sua área de distribuição, apesar de décadas de esforços colaborativos de conservação”, justificou Kessina Lee, Supervisora Estadual do Oregon no Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA.
As corujas-barradas são nativas do leste da América do Norte, mas começaram a deslocar-se para o oeste do Rio Mississippi no início do século XX devido a mudanças induzidas pelo Homem nas Grandes Planícies e nas florestas boreais.
Apesar de parecerem semelhantes às corujas-pintadas-do-norte, as corujas-barradas são maiores, mais agressivas e podem adaptar facilmente a sua dieta. A invasão do Oeste colocou uma grande pressão sobre a coruja-pintada-do-norte, diminuindo as suas populações em até 65 a 85% entre 1995 e 2017.
Ainda que alguns possam questionar se é moralmente correto matar uma espécie para salvar outra, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos é obrigado a proteger animais ameaçados sob o Endangered Species Act.
“O Serviço tem a responsabilidade legal de fazer tudo o que puder para evitar a extinção da coruja-pintada-do-norte e apoiar a sua recuperação, ao mesmo tempo que aborda ameaças significativas às corujas-pintadas da Califórnia”, explicou Lee.
Além de levantar preocupações éticas e práticas, há grupos de direitos dos animais a criticarem o custo do plano, estimado em 235 milhões de dólares, um valor que o torna num dos projetos de gestão de espécies ameaçadas mais caros de todos os tempos.
A minha pergunta é que se alguma vez lembraram de em vez de exterminar pudessem enviar estes seres para regiões onde não representem nenhum perigo de ameaça. Já pensaram nisso? Ou a alternativa tem que ser mesmo radical. E isto é por uma boa causa.