No “último adeus” como presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador acenou com polémica reforma judicial, que está a deixar os EUA preocupados.
O Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador despediu-se este domingo dos seus apoiantes defendendo a reforma do sistema judicial .
Essa reforma, que a sua sucessora, Claudia Sheinbaum, também pretende levar a cabo, inquieta o mundo empresarial e os EUA.
“Vou reformar-me com a consciência tranquila e muito feliz”, disse ‘AMLO’ – as suas iniciais e a sua alcunha – ao defender a sua política perante dezenas de milhares de apoiantes no Zocalo, no centro histórico da Cidade do México.
Perante as críticas da magistratura e dos EUA e as preocupações dos mercados, AMLO apelou ao testemunho do povo: “Que levantem a mão aqueles que consideram que é melhor que eles (juízes e magistrados) sejam eleitos pelo povo”. E quase todas as mãos se levantaram.
Ao mesmo tempo, milhares de estudantes de direita marcharam pela Cidade do México para protestar contra a reforma, proclamando que “a justiça não pode ser decretada” e apelando ao México para que desperte.
Atualmente, os onze “ministros” do Supremo Tribunal são nomeados pelo Presidente após ratificação pelo Senado. Os juízes e magistrados são nomeados por um órgão administrativo, o Conselho da Justiça Federal (CJF).
Num país que regista cerca de 30.000 homicídios por ano, o sistema de justiça sofre de uma ineficácia quase total, o que conduz à impunidade, segundo ONGs.
A antiga presidente da Câmara da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, foi eleita a 2 de junho pela esquerda, com quase 60% dos votos, prometendo continuar as políticas de AMLO.
A reforma do sistema judicial deverá ser aprovada no início da próxima legislatura, que também começou este domingo.
Após as eleições, o partido governamental de esquerda Morena e os seus aliados têm a maioria de dois terços dos deputados necessários para mudar a Constituição, de acordo com a imprensa local.
Um mês antes da tomada de posse de Sheinbaum, marcada para 1 de outubro, o chefe de Estado congratulou-se por ter reduzido a pobreza e as desigualdades e criado o “sistema de saúde pública mais eficaz do mundo”. “Não é como na Dinamarca, é melhor do que na Dinamarca”, afirmou a propósito.
Obrador termina o seu mandato de seis anos – a Constituição só permite um – com 73% dos mexicanos a aprovarem as suas políticas, de acordo com uma sondagem do diário El Universal.
ZAP // Lusa