Os golfinhos esfregam-se nos corais e esponjas marinhas que têm propriedades anti-bacterianas para tratar as próprias feridas.
Muitos mamíferos marinhos, tais como orcas e baleias beluga, esfregam os seus corpos contra matérias subaquáticas como areias, seixos ou calcário, para ajudar a eliminar as camadas exteriores da sua pele.
De acordo com a NewScientist, um comportamento semelhante foi agora encontrado nos golfinhos.
Angela Ziltener, investigadora da Universidade de Zurique na Suíça, e os seus colegas filmaram golfinhos roaz-corvineiro (Tursiops aduncus) no Mar Vermelho, ao largo do Egito, a fazerem fila para se esfregarem contra corais e esponjas marinhas. O estudo foi publicado este mês na iScience.
Os investigadores notaram que os golfinhos esfregavam repetidamente certas partes do corpo nos corais e esponjas e que alguns corais libertaram muco enquanto os golfinhos nadavam, pelo que suspeitaram que os animais poderiam estar a auto-medicar-se.
“Voltam sempre ao mesmo organismo e realmente esfregam partes diferentes do corpo”, diz Ziltener. “Não é observado na areia ou em ervas marinhas, por exemplo, é um comportamento diferente. Fazem fila e à espera da sua vez“.
Os investigadores recolheram amostras de coral gorgoniano (Rumphella aggregata), coral de couro (Sarcophyton sp.) e uma esponja marinha (Ircinia sp.), que analisaram usando um espectrómetro de alta resolução para identificar produtos químicos nas amostras.
Encontraram 17 compostos bio ativos com propriedades anti bacterianas, antioxidantes ou semelhantes a hormonas.
Ziltener e a sua equipa pensam que os golfinhos podem procurar estes corais e esponjas específicos para ajudar a manter a sua pele saudável e provavelmente tratar infeções bacterianas.
“Os golfinhos substituem a sua camada cutânea mais exterior, no máximo, a cada duas horas — uma taxa nove vezes mais rápida do que a dos humanos. Esta anatomia e fisiologia dérmica única significa que não podemos assumir que os efeitos medicinais dos corais seriam os mesmos para os golfinhos que seriam para nós”.
Segundo Jason Bruck, investigador da Universidade Estadual Stephen F. Austin, o próximo passo deve ser olhar mais de perto para o comportamento dos golfinhos e ver se são realmente seletivos sobre que partes do corpo esfregam — e em que materiais.