Um novo algoritmo quântico para resolver problemas matemáticos pode dar-nos o primeiro exemplo de um computador quântico a resolver um problema verdadeiramente útil que, de outra forma, seria impossível para um computador clássico
Os computadores quânticos estão “quase quase” prontos para resolver problemas matemáticos complexos, que os computadores normais não são capazes de resolver.
É o que adianta um estudo publicado recentemente no arXiv, liderado pela empresa de computação quântica Quantinuum.
Como escreve a New Scientist, estes problemas “que os computadores normais não são capazes de resolver” estão relacionados com um ramo da matemática chamado Teoria dos Nós, que é utilizado para classificar os nós em função do número e da natureza dos pontos em que se cruzam.
O conceito tem sido aplicado à criptografia, à física e à biologia molecular.
Foi também sugerido como uma forma de navegação para as naves espaciais e como base para um novo tipo de dinheiro quântico.
Os cálculos envolvidos tornam-se extremamente difíceis para os computadores clássicos à medida que o número de cruzamentos aumenta.
No entanto, no novo estudo, os investigadores da Quantinuum desenvolveram um novo algoritmo quântico que resolve esse problema.
Além disso, foi criado um modelo que calcula o tempo que o algoritmo demorará a resolver um problema, com base na sua dimensão, na taxa de erro e na potência do computador quântico que executa o algoritmo.
Utilizando este modelo, os investigadores determinaram exatamente onde se situa o limiar da vantagem quântica para os problemas da Teoria dos Nós.
Para o computador Apollo da Quantinuum, que deverá ser lançado em 2029, este ponto chega a problemas de nós com apenas 2800 cruzamentos.
À New Scientist, Aleks Kissinger, da Universidade de Oxford, que não fez parte da investigação dá a entender que “é desta”. Isto, porque o trabalho da Quantinuum sugere que os computadores quânticos poderão em breve demonstrar uma utilidade genuína.
“Se o fizerem no próximo modelo [Quantinuum] e conseguirem realmente ultrapassar os supercomputadores, diria que será um dos primeiros casos de vantagem quântica para um problema que não foi inventado apenas para ser executado em computadores quânticos”, enalteceu o especialista.
“Isto dá-me alguma confiança de que veremos este tipo de provas de vantagem interessantes dentro de um ano ou dois“, prevê Kissinger.