Os cientistas conseguem agora ver o interior de uma única célula cancerígena

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Uma nova técnica de imagiologia permite agora observar o interior da carga lipídica de uma célula tumoral.

Uma equipa de investigadores do Reino Unido descobriu uma nova janela para o cancro, graças a uma nova técnica de imagiologia que lhes permite observar em pormenor a carga de lípidos no interior de uma única célula tumoral.

A tecnologia poderá facilitar a compreensão da forma como os diferentes cancros respondem a tratamentos específicos, e abrir caminho a descobertas cruciais sobre o cancro.

O estudo, liderado por investigadores da Universidade de Surrey, foi apresentada num artigo publicado esta semana na Analytical Chemistry.

A equipa de investigadores pretendia ter uma melhor visão das gotículas de gordura, ou lípidos, que se encontram no interior de uma célula cancerígena, devido à sua importância médica.

“Os lípidos são um componente essencial das células cancerígenas e são necessários para o seu crescimento, proliferação e metástases”, explicou ao Gizmodo a autora principal do estudo, Melanie Bailey.

Os lípidos atuam como uma fonte de energia para as células tumorais, mas também permitem que as células tumorais enviem sinais a outras células e as recrutem”, detalha a engenheira química da Universidade de Surrey.

Bailey e os seus colegas começaram por usar uma tecnologia recentemente criada pela empresa japonesa Yokogawa, chamada Single Cellome System SS2000, para extrair células cancerígenas pancreáticas individuais e intactas de uma amostra.

Estas células foram coradas com um corante fluorescente que realçou os lípidos no seu interior.

Em seguida, os investigadores trabalharam com a Sciex, empresa canadiana que produz dispositivos de espetrometria de massa, para desenvolver um novo método de espetrometria de massa que pudesse abrir esses lípidos, permitindo aos cientistas ver a sua composição real.

Os investigadores descobriram que diferentes células cancerígenas podem ter perfis lipídicos muito diferentes. Conseguiram também ver de forma fiável como esses lípidos se alteravam em resposta ao ambiente em que se encontravam.

“Uma vez que os lípidos são tão importantes para o funcionamento das células cancerígenas, o estudo dos perfis lipídicos permitir-nos-á compreender melhor a forma como as células cancerígenas respondem a diferentes tratamentos — medicamentos, radiações —  e como metastizam”, afirmou Bailey.

“Se uma determinada via lipídica estiver implicada na resistência à radiação ou aos fármacos, poderá ser possível atingir essa via com futuras terapias“, acrescenta a investigadora.

Os lípidos são tão valiosos para as nossas células saudáveis como para as células tumorais, pelo que a nova tecnologia poderá vir a revelar-se útil não só no combate ao cancro, mas também noutras áreas da medicina — incluindo a imunidade, as doenças infecciosas e o estudo dos relógios internos do nosso corpo.

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