O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, alegou que não houve “nenhum encobrimento” de abusos sexuais.
Até agora, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja (CIEAMI) recebeu 424 testemunhos de abusos sexuais cometidos sobre menores por membros da Igreja Católica portuguesa.
No entanto, citado pelo Público, o próprio coordenador da comissão independente, Pedro Strecht, sublinhou esta terça-feira que “o número de vítimas será muito maior”. Em junho, Strecht já tinha referido que “da realidade existente, só uma pequena parte, habitualmente situada entre os 20% a 25% do seu total, virá de verdade a ser conhecida”.
Feitas as contas, com base nesta estimativa, o número real de casos de abuso sexual a menores por parte de membros da Igreja Católica pode ser, “no mínimo”, de 1.500 vítimas.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, alegou esta quarta-feira em Fátima que não houve “nenhum encobrimento” de abusos sexuais.
O bispo recusou comentar toda a polémica em torno das considerações do Presidente da República, que em setembro enviou para a PGR reportes que recebeu, colocando Ornelas sob suspeita de ter encoberto casos de abuso de menores dentro da Igreja.
De acordo com o Diário de Notícias, D. José Ornelas disse estar “tranquilo” e que foram tomadas “as medidas adequadas”, mas garante que a Igreja Católica não se conforma com “o que aconteceu”.
Ornelas é um dos bispos investigados por alegados encobrimentos de abusos sexuais de menores na Igreja Católica.
Uma notícia do jornal Público dava conta que o Ministério Público o estava a investigar num segundo caso de alegado encobrimento de suspeitas de abuso sexual de menores, relacionado com um padre da paróquia de Fafe, que tinha sido investigado pelo menos uma vez anteriormente.
Num esclarecimento divulgado esta quarta-feira à Lusa, a CEP explica que a primeira denúncia do caso do sacerdote teve lugar em 2003 e foi alvo de uma averiguação interna por parte da Congregação dos Padres Dehonianos, tendo a alegada vítima negado qualquer abuso.
Esta quarta-feira à tarde, numa conferência de imprensa, salientou que “qualquer número é demasiado” e disse que “esta é a hora da Justiça”.
Para o bispo de Leiria-Fátima, “cada caso é uma derrota” porque alguém “foi espezinhado nos seus direitos fundamentais”.
“Também contradiz radicalmente tudo aquilo que nós queremos, somos e queremos ser como Igreja, a nossa identidade e a nossa missão”, acrescentou.
O processo em que foram denunciados abusos sexuais num orfanato em Moçambique, e que agora é referido na queixa que levou o Ministério Público a investigar D. José Ornelas, foi aberto há onze anos e arquivado meses depois, avança ainda o Observador.
O Ministério Público considerou que em causa estavam crimes alegadamente cometidos em território moçambicano e que nada havia a investigar em Portugal.
Agora, no despacho assinado pela procuradora Maria José Magalhães, lê-se que apesar de o caso ter sido arquivado cinco vezes ao longo da última década, a procuradora decidiu mandar abrir um outro processo mandar abrir um outro “com vista à investigação da comparticipação do Padre José Ornelas no encobrimento de abuso sexual ocorridos em Portugal, por padres portugueses”.
Este camarada deve ser mais um suspeito do encobrimento dos pedófilos da Igreja Portuguesa.