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Porque chamamos Palácio de Cristal a um sítio sem palácio de cristal?

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O Pavilhão Rosa Mota, ou Pavilhão dos Desportos, ou Super Bock Arena, não era assim. Um resquício de História à volta de um local emblemático no Porto.

Local do voto antecipado no Porto, para as eleições legislativas 2024.

Concerto recente dos IDLES. Será, em breve, palco de concerto de Diogo Piçarra.

Feira do Livro do Porto (no exterior).

Também já foi servindo para estudantes do ensino secundário conhecerem cursos universitários.

É tudo no Palácio de Cristal…que não tem nenhum palácio de cristal.

Na verdade é o Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota. Que se chamava só Pavilhão Rosa Mota (desde 1991) até há cinco anos. Que se chamava Pavilhão dos Desportos antes do aparecimento de uma das melhores maratonistas de sempre.

Do arquitecto José Carlos Loureiro, o Pavilhão dos Desportos começou por receber o Mundial de hóquei em patins, em 1952 – numa altura em que ainda não estava totalmente coberto. Portugal venceu o torneio, já agora.

Ao longo destas sete décadas já recebeu inúmeros jogos importantes de diversas modalidades, concertos, circo, congressos, exposições, feiras…

Hoje é claramente um espaço multiusos, com espaço para no máximo 8 mil pessoas e com uma acústica especial. Além da sala principal, tem um centro de congressos e, cá fora, pode-se passear pelos Jardins do Palácio de Cristal.

ZAP

Jardins do Palácio de Cristal

Onde está o Palácio de Cristal?

Sim, continua-se a chamar Palácio de Cristal ao local. Aliás, como se pode confirmar numa das imagens acima, na galeria, a designação oficial continua a ser Jardins do Palácio de Cristal.

Não é caso único no país: locais que têm o nome de algo que realmente não existe lá. Ou porque foi criada uma expressão entre os populares, ou por causa de uma lenda, ou porque realmente aquele local já foi diferente.

Esta última hipótese aplica-se ao Super Bock Arena.

Havia ali um edifício todo em vidro. Obra do britânico Thomas Dillen Jones, inspirada no… Crystal Palace – em Londres (ainda hoje há uma equipa de futebol com esse nome, na primeira divisão inglesa). O Rei D. Pedro V foi ao Porto para lançar a primeira pedra, em 1861.

Este espaço da elite portuense viria a ter os jardins – obra do arquitecto paisagista Émile David.

O palácio de vidro foi construído no local onde havia uma torre em pedra, dos tempos do Rei D. João III (séxulo XVI), que ficou conhecida como Torre da Marca – foi destruída em 1832, no Cerco do Porto, durante as lutas entre os liberais de D. Pedro e os absolutistas de D. Miguel.

Se recuássemos ainda mais, reza a História de que, antes da torre em pedra, estava lá um pinheiro muito alto, que servia de orientação para os barcos que entravam na barra do Douro. Até que a árvore caiu.

Sem pinheiro e sem torre, foi em 1865 que passou a ter o Palácio de Cristal.

Photographia Portuense / Wikimedia

Palácio de Cristal, Porto

Primeiro evento? Grande Exposição Internacional do Porto, ainda nesse ano; recebeu de três mil expositores de diversos países.

Há uma curiosidade sobre esse evento: estiveram presentes D. Luís I e D. Maria Pia – sim, ambos viriam a ser homenageados em pontes que ainda existem, entre Porto e Gaia.

Os expositores foram dos primeiros a conhecer esse edifício em ferro e vidro, com cerca de 150 metros de comprimento e 72 metros de largura. Tinha três “naves”, uma delas imponente, enorme, com uma abóbada em vidro; dois teatros (Teatro Gil Vicente, um dos melhores do mundo na altura, e Teatro Popular), gabinetes de leitura, salas de jogos… Recebeu exposições, concertos, peças de teatro, comemorações e outras iniciativas. Lá fora tinha barcos no lago, restaurante, estufas com plantas tropicais. E os jardins, claro.

Foram mais de 80 anos cristalinos. Até que se começou a degradar já no início do século passado e, sem dinheiro para a manutenção daquele espaço de outro nível, viria a ser demolido em 1951.

Refira-se que, à entrada, o formato dos jardins já era praticamente como ainda é.

Os Jardins do Palácio de Cristal, hoje visitados por centenas de pessoas diariamente (muitos estrangeiros incluídos), chegaram a ter um comboio e um teleférico.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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2 Comments

  1. Em minha opinião não faz sentido e é errado esta “mudança de Nomes”, e infelizmente este não é caso único, o atual “Altice Arena” padece do mesmo problema. Se queremos Celebrar uma Pessoa existem Obras novas que podem ter o Seu Nome, se Entidades compram ( ou alugam ) os Edifícios devem de existir salvaguardadas de Interesse Público, e uma delas é o Nome.

  2. O impressionante nesta historia não é tanto a questão do nome, mas sim a a demolição de um edifício magnifico, que seria hoje, certamente, um monumento nacional.

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