Crias de orca que vivam com a avó têm uma maior probabilidade de sobreviver quando comparadas às outras orcas. A experiência destas espécimes mais velhas é essencial para o grupo.
Tal como nos humanos, as avós orcas são peças fundamentais da família. Uma nova investigação descobriu que as orcas mais velhas constituem uma mais-valia para a sobrevivência das novas crias. O estudo foi publicado esta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Daniel Franks e a sua equipa de biólogos constataram que as orcas bebé que não contavam com a presença das avós na pós-menopausa tinham taxas mais altas de mortalidade. Esta correlação era visível principalmente quando os alimentos eram escassos.
“Se a avó morre, nos anos que se seguem à sua morte, é muito mais provável os netos morrerem”, disse o investigador da Universidade de York. Estas orcas conseguem orientar os peixes na direção das crias, podendo “explicar os benefícios de as fêmeas viverem muito tempo após a reprodução”, explica Franks.
Devido à sua experiência, recursos e tempo livre, as orcas mais velhas eram cruciais para a proliferação das crias do grupo. E porque é que são unicamente as orcas fêmeas mais velhas e não os machos mais velhos?
Segundo o Gizmodo, as orcas macho raramente vivem para lá dos seus 30 anos, enquanto que as fêmeas têm uma maior longevidade, podendo ter crias até aos 40 anos e viver mais algumas décadas. No mundo animal, poucas são as espécies que vivem para além do período depois da menopausa — de forma semelhante aos seres humanos.
“O estudo sugere que avós em idade fértil não podem fornecer o mesmo nível de apoio que avós que já não se reproduzem”, notou Franks. “Isso significa que a evolução da menopausa aumentou a capacidade da avó ajudar os seus netos“, acrescentou.
Os benefícios que as orcas mais velhas trazem traduz-se por aquilo a que os especialistas chamam de “efeito da avó”, que consiste no valor benéfico ou adaptativo de ter avós por perto para cuidar dos netos.
Para chegarem a esta conclusão, os cientistas basearam-se em dados estatísticos recolhidos ao longo de 36 anos de dois grupos de orcas da costa noroeste do Canadá e dos Estados Unidos com o Oceano Pacífico.
“A morte de uma avó depois da menopausa pode ter repercussões importantes no seu grupo familiar, o que pode revelar-se uma consideração importante quando se avalia o futuro destas populações. À medida que as populações de salmões continuam a declinar, as avós deverão tornar-se ainda mais importantes para estas populações de orcas”, conclui o especialista.