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“Coloquei 4 milhões na SAD e o que vier a receber é meu”. Vieira diz que “não há negócio escondido” na OPA

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Manuel de Almeida / Lusa

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira

A OPA parcial sobre 28% do capital da SAD, lançada em 18 de novembro, implica um investimento na ordem dos 32 milhões de euros e, caso seja bem sucedida, pode reforçar a posição da Benfica SGPS para até 95% do capital da entidade que está cotada na bolsa de Lisboa.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, considerou esta sexta-feira que a oferta pública de aquisição (OPA) lançada recentemente pela Benfica SGPS sobre a SAD encarnada, para controlar até 95% do capital, é “o melhor negócio de sempre” do clube da Luz.

“Estou cá para defender os interesses a 100% do Benfica. É isso que tenho feito e qualquer benfiquista que tem votado em mim vê que a obra fala por mim. E os resultados desportivos, financeiros e patrimoniais falam por si. Esta posição [lançamento da OPA] tem a ver com uma estratégia clara de futuro. O Benfica tem que reforçar o seu capital acionista. [A OPA] faz parte dessa estratégia, faz parte da estratégia de quando eu disse que queria devolver o Benfica aos benfiquistas”, afirmou à Benfica TV o líder das águias.

A OPA parcial sobre 28% do capital da SAD implica um investimento na ordem dos 32 milhões de euros e, caso seja bem sucedida, pode reforçar a posição da Benfica SGPS para até 95% do capital da entidade que está cotada na bolsa de Lisboa.

“Há uma coisa que me magoa. Quando se faz alguma coisa no Benfica, as pessoas parece que pensam que há um negócio escondido. E não há negócio escondido nenhum. E as pessoas a breve trecho vão perceber que não há negócio nenhum escondido. O que há é o objetivo de reforçar a parte acionista do Benfica, o clube em si. Nós devemos ficar com 95% do capital no futuro”, sublinhou Vieira.

E acrescentou: “Há pouca gente que sabe quanto é que o Benfica vale hoje. Isso preocupa muitas pessoas. Mas o que o Benfica está a fazer é, desde que eu estou no Benfica, o melhor negócio de sempre. Porque sei quanto é que vale a SAD do Benfica.”

A última avaliação publicada pela consultora KPMG, em maio último, avalia a SAD encarnada em 334 milhões de euros (montante que resulta da média da avaliação de três épocas, entre 2015/16 e 2017/18), enquanto a oferta de 32 milhões de euros por 28% que está agora em cima da mesa avalia a Benfica SAD em 115 milhões de euros.

“Só para lhe dar um exemplo flagrante daquilo que estou a dizer, há um clube europeu, que jogou há pouco tempo connosco, que é o Lyon [adversário do Benfica na Liga dos Campeões], em que recentemente 20% do clube foi vendido por 100 milhões de euros. Agora, as pessoas que tirem as ilações que quiserem”, salientou, deixando antever que a SAD das águias tem um valor muito superior ao congénere francês.

O dirigente vincou também que, caso a OPA tenha sucesso, o Benfica “passa a tomar decisões por ele próprio“, e apontou para a possibilidade de haver futuramente uma alienação de parte do capital da SAD a um parceiro estratégico, gerando uma significativa mais valia face aos valores envolvidos nesta operação.

“Se o Benfica, um dia, entender que tem que ter um parceiro estratégico, como outros têm, pode ter. O Bayern Munique tem a Allianz, tem a Audi, tem a Adidas, e o Benfica também poderá sonhar em ter um parceiro estratégico. E não tem a necessidade de ter 27 ou 28% em mãos que nós não controlamos. A partir desse momento, o Benfica controla o seu futuro”, considerou.

Mais, de acordo com Vieira, atualmente o Benfica está “financeiramente bem” para lançar esta oferta, além de que, ao atual preço de mercado, a SAD “está muito apetecível” para potenciais investidores, aos olhos do responsável.

“Acho que o Benfica está muito apetecível, por isso, tinha que se salvaguardar. Numa rubrica, que tem um consolidado de 505 milhões de euros em ativos, o plantel vale 80 milhões de euros, e, se saiu um só jogador por 120 milhões de euros, tirem as ilações que quiserem”, assinalou, garantindo que o negócio é positivo: “De certeza que o Benfica não vai ficar lesado, pelo contrário, vai ficar protegido e, no futuro, as pessoas vão perceber que o Benfica fez uma grande operação.”

Sobre as críticas que tem recebido por deter uma participação significativa na SAD, pelo que vai (futuramente) beneficiar desta oferta, o líder dos encarnados disse que está no clube há quase 20 anos e que considera que o seu trabalho deve ser respeitado, até porque entrou quando o clube estava “praticamente falido”, ao contrário da atual situação.

“As decisões que tomei no Benfica foram muito profundas. A visão que tive para o Benfica é bem evidente nestes anos. O Benfica criou infraestruturas como nunca teve, está com uma situação financeira como nunca teve, desportivamente também acho que o Benfica está muitíssimo bem, e caminha para consolidar tudo o que era o seu passado desportivo”, apontou.

E rematou: “Em 2001 coloquei quatro milhões de euros [para a constituição da SAD] e o que vier a receber um dia é meu. O dinheiro é meu, da minha família e dos meus filhos. Mereço mais respeito por tudo o que estou a fazer. O Benfica está como nunca esteve. Trabalhei para que o Benfica seja um clube credível.”

ZAP // Lusa

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