A história de Huda al-Niran, 22 anos, e do namorado, o iemenita Arafat Mohammed Tahar, 25, evoca a de Romeu e Julieta e tem motivado campanhas online e protestos de rua. Huda fugiu do seu país com o namorado e recebeu agora protecção da ONU enquanto tenta obter asilo.
Huda conheceu Arafat há três anos atrás, numa loja de telemóveis na Arábia Saudita, e os dois apaixonaram-se. Arafat pediu a mão de Huda em casamento, mas o pedido foi negado pelo pai de Huda.
“A minha família queria que eu me casasse com um outro homem“, diz Huda, “mas recusei-me. Disse que ninguém me tocaria senão Arafat. Foi aí que pensei que tinha que fugir.”
Huda saiu de casa e cruzou a fronteira entre a Arábia Saudita e o Iémen, disfarçada de trabalhadora iemenita.
Segundo um comunicado da ONG Human Rights Watch, que conversou com o advogado do casal, Arafat também fugiu; planeavam casar-se no Iémen, mas foram ambos detidos na fronteira. Hura foi acusada de imigração ilegal.
Asilo
A Human Rights Watch diz que a Arábia Saudita está a pressionar o Iémen pela deportação de Huda, mas alertou que a jovem correria risco de sofrer violência por parte de sua própria família.
No domingo passado, representantes da Acnur, o braço da ONU para os refugiados, afirmaram à BBC que foi aberto um pedido de asilo para a jovem, aceitando a ideia de que a sua vida correria risco se ela voltasse para casa.
Enquanto o pedido é estudado, Huda está sob protecção da ONU e não pode ser deportada. A Acnur revelou à BBC que é grande a possibilidade de que ela receba o status de refugiada nos próximos dias – o que significaria que ela e Arafat ficariam livres para se casar.
Apoio
A história do casal teve grande repercussão no Facebook no Iémen, e diversas páginas foram criadas para apoiar os jovens apaixonados. Dezenas de pessoas saíram às ruas da capital do país, Sanaa, para protestar a favor de Huda e Arafat.
Muitos iemenitas têm apoiado a causa não apenas por ser uma história de amor, mas porque o caso desafia a Arábia Saudita – país vizinho com o qual o Iêmen tem relações por vezes tensas.
Segundo a France Presse, a Justiça iemenita ainda não decidiu sobre o caso. Uma nova audiência será realizada no dia 1 de dezembro.
As acusações que recaíam sobre Arafat foram retiradas, mas ele recusou-se a deixar a prisão onde está Huda. O casal encontra-se uma vez por semana, durante as audiências.
“A empatia com Huda é porque ela se revoltou contra a sua cultura“, diz Fahad, funcionário público de 33 anos que organizou um dos protestos de apoio ao casal, que acrescenta que “ela enfrentou uma sociedade patriarcal que lhe ordenava que se casasse. Isso mostra a necessidade de termos Estados modernos, com liberdades e direitos e onde as pessoas possam, por exemplo, escolher com quem querem se casar.”
A história de Romeu Montéquio e Julieta Capuleto não terminou propriamente bem. Será que Julieta da Arábia e Romeu do Iémen vão ter direito a um final feliz?
ZAP / BBC