Portugal “não foi escolhido por acaso” para acolher a final da Liga dos Campeões de futebol, mas porque “foi um dos países que melhor lidou” com a covid-19, assinala um conselheiro da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em declarações à Lusa, a dias de participar numa iniciativa ibérica sobre o impacto da pandemia no turismo, Maurizio Barbeschi, conselheiro do diretor executivo para as Emergências Sanitárias da OMS, diz que não conhece o dossiê que fundamentou a escolha de Portugal para acolher a final a oito da Liga dos Campeões, agendada para agosto.
Porém, realça, tem a certeza de que Portugal “não foi escolhido por acaso”, mas porque “tem um sistema de saúde forte” e “foi um dos países que melhor lidou” com a pandemia, que já causou mais de 500 mil mortos e infetou mais de 12 milhões de pessoas.
“[Portugal] não foi escolhido pela qualidade das infraestruturas ou pela tradição futebolística, mas por tudo o que rodeia o campo de futebol”, que goza de “elevada consideração” internacional, destaca. “Se acrescentarmos o sistema público, a consciência do protocolo, as medidas de verificação e mitigação – tudo isso fundamentou a decisão de considerar que a escolha de Portugal era a que mais minimizava os riscos”, considera.
arbeschi, originário de Itália, um dos países mais afetados pela pandemia, analisa que “a atuação, como se fosse uma harmónica, fez de Portugal uma história de sucesso no controlo da epidemia, porque se colocou o pensamento coletivo a combater a doença”.
Sobre o risco sanitário associado à realização da final de futebol, o conselheiro responde: “Não sei qual será a situação no final de agosto para todas as equipas que vão participar.”
“Pandemia ainda estará presente”
Sendo certo que “a pandemia ainda estará presente” na Europa e em Portugal, também é verdade que as equipas finalistas “vão viajar com atenção especial” e “já estão a tomar medidas para minimizar os seus próprios riscos”, realça.
“As equipas serão uma espécie de bolhas, movendo-se em simultâneo, em direção a Portugal, e isso é muito bom”, porque Portugal apresenta garantias, destaca. Por outro lado, “os fãs não são bolhas”, reconhece. “Mas não sei que tipo de espectadores será permitido, se é que algum [público] será permitido”, acrescenta.
Porém, acredita, se todas as medidas forem adotadas ao mesmo tempo – o processo de colocar o público no país, o transporte do público, a higienização das instalações, o distanciamento entre as pessoas, o rastreio e a identificação, a lavagem das mãos e das superfícies, o uso de máscaras – “será uma história de sucesso”.
E compara: “É a mesma coisa para o metropolitano. Não é o jogo de futebol que é problema, é a quantidade de tempo e a proximidade entre as pessoas.”
Um jogo de futebol “dura apenas alguns minutos, mas, na realidade, há uma festa de cinco dias para as cidades que o acolhem”, recorda. “Um jogo de futebol é também alegria, uma indústria, muitos empregos estão em risco”, frisa.
ZAP // Lusa