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OMS volta a pedir aos países ricos “moratória” na terceira dose

unisgeneva / Flickr

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, esta quarta-feira, aos países com taxas elevadas de vacinação contra a covid-19 que não avancem com uma terceira dose até ao final do ano, para reduzir a desigualdade mundial na distribuição de vacinas.

“Há um mês eu apelei para uma moratória global das doses de reforço pelo menos até ao fim de setembro para permitir vacinar as pessoas de maior risco no mundo que ainda não receberam a primeira dose. Hoje, eu apelo a uma extensão da moratória pelo menos até ao final do ano para permitir que cada país possa vacinar pelo menos 40% da sua população”, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde.

Em conferência de imprensa a partir da sede da organização em Genebra, Tedros Adhanom Ghebreyesus admitiu que a terceira dose é necessária para grupos de maior risco, como doentes imunodeprimidos ou que não estão a produzir anticorpos, mas salientou que não há prova científica do seu benefício em pessoas saudáveis e vacinadas.

“Por agora não queremos ver desperdício de vacinas de reforço para pessoas saudáveis totalmente vacinadas”, alertou o responsável da OMS, ao avançar que os países de alto e médio rendimento absorveram mais de 80% do total dos cerca de 5,5 biliões de doses administradas em todo o mundo.

Segundo Ghebreyesus, o objetivo global da OMS é que cada país vacine pelo menos 10% da sua população até ao fim deste mês, 40% até ao fim do ano e que 70% da população mundial esteja imunizada até meados do próximo ano.

“Nenhum dos países de baixo rendimento atingiu estes objetivos” de vacinar 10% ou 40% da sua população, lamentou.

De acordo com o diretor-geral da OMS, essa baixa taxa de vacinação deve-se, em parte, ao facto de os fabricantes de vacinas “estarem a dar prioridade ou estarem legalmente obrigados a cumprir, por acordos bilaterais, com os países ricos”, o que faz com que os países mais pobres fiquem “privados das ferramentas para proteger as suas populações”.

“Tem havido muita conversa sobre a equidade das vacinas, mas muita pouca ação. Os países ricos prometeram doar mais de um bilião de doses, mas menos de 15% destas doses foram materializadas. Não queremos mais promessas. Nós só queremos as vacinas”, salientou.

Estas declarações acontecem no mesmo dia em que, ao Financial Times, o vice-presidente da Pfizer, Philip Dormitzer, disse achar que a dose de reforço da vacina deverá mesmo ser inevitável.

Em Portugal, recorde-se, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou a dose adicional da vacina apenas para pessoas imunossuprimidas com mais de 16 anos, prevendo a vacinação de menos de 100 mil utentes nos centros de saúde.

Esta quarta-feira, o mecanismo de financiamento internacional Covax disse que prevê vacinar contra a covid-19 este ano 20% da população mundial nos países pobres, aquém do objetivo inicial.

Numa declaração conjunta, os fundadores do mecanismo, como a própria OMS e a Aliança de Vacinas (Gavi), sublinharam que a desigualdade de acesso permanece “inaceitável”.

A Covax conseguiu, até agora, distribuir apenas 243 milhões de doses em 139 países pobres, segundo Ann Ottosen, membro da divisão de abastecimento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

“A maioria dos países do mundo já recebeu doses de Covax. Isto é apenas o começo”, afirmou, pelo seu lado, Seth Berkley, CEO da Gavi. “Esperamos ter mais 1,1 mil milhões de doses para entregar até ao final do ano”, acrescentou.

Segundo as últimas previsões publicadas hoje, a Covax espera ter um total de 1,425 mil milhões de doses disponíveis em 2021, objetivo consideravelmente abaixo dos dois mil milhões de doses originalmente fixado pelo sistema. A Covax espera agora alcançar essa primeira meta no primeiro trimestre de 2022.

A covid-19 provocou pelo menos 4.583.765 mortes em todo o mundo, entre mais de 221,81 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

ZAP // Lusa

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