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Oito semanas é o intervalo “ideal” para aumentar eficácia da vacina da Pfizer

Jean-Francois Monier / AFP

Estudo desenvolvido pelo Department of Health and Social Care (DHSC) comparou os resultados obtidos com um intervalo de 4 semanas (como é feito em Portugal) e um intervalo de 10 semanas. Os resultados sugerem que adiar a segunda dose poderá resultar numa maior produção de anticorpos e de células T.

Contrariando as normas aplicadas pelas autoridades de saúde portuguesas, o intervalo ideal entre a primeira e a segunda dose da vacina da Pfizer deve ser de oito semanas, uma fração temporal que permitirá aos sistemas imunitários desenvolver uma resposta mais robusta contra a variante Delta.

A constatação é uma das conclusões presentes num estudo realizado por investigadores do Department of Health and Social Care (DHSC) e da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, que comparou os resultados obtidos com um intervalo de 4 semanas (como é feito em Portugal) e um intervalo de 10 semanas.

O artigo, apresentado esta sexta-feira numa nota da Universidade de Newcastle, permitiu aos investigadores perceber que na segunda opção a produção de anticorpos é maior, assim como a proporção de células T, responsáveis pelo combate de infeções.

Para desenvolver o estudo que pretendia medir a eficácia da vacina da Pfizer contra a variante Delta, os investigadores contaram com a participação de 503 trabalhadores do setor da saúde, dos quais 44% (223) já tinham estado infetados com Covid-19.

Os resultados indicaram que as duas opções (intervalo de quatro ou dez semanas) resultaram numa resposta imunitária forte, ainda assim, foi possível atestar que quanto mais longo fosse o interregno mais elevado seriam os níveis de anticorpos e a proporção de células T, o que, segundo os especialistas, ajuda a memória imunitária.

Os cientistas descobriram que após a segunda dose, um intervalo mais longo também resultaria em valores mais elevados de anticorpos neutralizados contra a variante Delta e todas as restantes variantes que estão a preocupar as autoridades de saúde pública.

Ainda assim, nestas circunstâncias observou-se uma diminuição dos níveis de anticorpos entre a administração da primeira e da segunda doses, o que poderia deixar os indivíduos mais vulneráveis aos efeitos do novo coronavírus, aponta o The Guardian.

Rebecca Payne, investigadora da Universidade de Newcastle e uma das autoras do estudo, revelou, contudo, que a resposta celular resultante das células T mantêm-se consistente independentemente dos intervalos que separam a administração das doses, o que reforça o seu papel na proteção contra a Covid-19.

“Depois da segunda dose no calendário de administração mais longo, os níveis de anticorpos ultrapassavam os registados após a primeira dose, num intervalo de medição semelhante”, revelou Payne. A investigadora defende que apesar de os “valores das células T serem mais baixos, o perfil destas sugere mais apoio da memória imunitária e a criação de anticorpos”.

Os investigadores consideram ainda a hipótese de, em algumas situações excecionais, o melhor intervalo poder ser mesmo de quatro semanas em vez das sugeridas oito — nomeadamente, pessoas em tratamento com influência no sistema imunitário, como é o caso de doentes oncológicos ou transplantados.

ARM, ZAP //

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