António Costa esforçou-se por explicar ao líder do CDS a importância da disciplina de cidadania, defendendo que o programa está em linha com os valores constitucionalmente consagrados e que estes não deve ser confundidos com crenças religiosas.
O debate que opôs ontem Francisco Rodrigues dos Santos e António Costa era incomparavelmente mais importante para o líder do CDS, à luz do que vão evidenciando as sondagens. Apesar de o PSD ter conseguido encurtar a distância nas últimas semanas semanas, os socialistas continuam a ser os favoritos a vencer as eleições de 30 de janeiro, ao passo que o CDS — perante a recusa dos sociais-democratas em alinhar em coligações pré-eleitorais — arriscam-se mesmo a ser das forças políticas menos votadas e a verem a sua representação parlamentar a quase desaparecer.
Com isto em mente, os dois protagonistas apresentaram-se com estratégias e posturas claramente distintas. António Costa manteve-se sereno, enquanto ouvia e respondia aos (muitos) ataques de Rodrigues dos Santos, numa antecipação do que poderão ser as críticas feitas por Rui Rio, no debate mais importante de todo o ciclo eleitoral, agendado para quinta-feira. E como seria expectável, as diferenças entre os dois não demoraram a surgir, sendo até reconhecidas e categorizadas por António Costa. “Não vale a pena dizer que é uma questão ideológica ideológica como se a sua não fosse. Há diferenças ideológicas entre nós“, afirmou.
Entre os pontos em que divergiram destacam-se a saúde, a fiscalidade e a educação, sobretudo no que respeita às aulas de cidadania, onde Francisco Rodrigues dos Santos voltou ao tema da ideologia de género.
No campo da saúde, Rodrigues dos Santos acusou António Costa de colocar a “ideologia à frente dos doentes” na decisão de não recorrer aos privados, o que motivou “filas de espera” e a morte de doentes sem serem atendidos. O primeiro-ministro retorquiu as críticas, destacando a necessidade de investimento no Serviço Nacional de Saúde — apesar da existência de acordos com os privados, nomeadamente durante a pandemia — e a importância da lei de bases da saúde — a qual, afirmou o primeiro-ministro, o líder do CDS quer revogar. António Costa lembrou ainda que outro problema que o país enfrenta é a falta de “pessoal”, o qual não é resolvido com camas ou instalações.
Em matérias relativas à fiscalidade, Costa teve de esforçar um pouco mais para explicar, por exemplo, as diferenças entre carga fiscal e o aumento de impostos: na primeira, descreveu, subiu devido ao aumento das contribuições, ou seja, por “um bom motivo”, já que “houve aumento de emprego e de rendimentos”. Contrariamente, o peso dos impostos no Produto Interno Bruto. Neste âmbito, o CDS apresenta no seu programa eleitoral a proposta de reduzir o IRS, para baixar de escalão de IRS as famílias a partir do segundo filho. O PS, por sua vez, tal como já constava da proposta de Orçamento do Estado para 2022, propõe o desdobramento dos escalões do IRS e o aumento da dedução para as famílias com filhos e o aumento do mínimo de existência.
No entanto, foi no tópico da educação, especialmente no que concerne às aulas de cidadania, que os dois líderes partidários discordaram mais veemente. Francisco Rodrigues dos Santos acusou mesmo António de Costa de querer sequestrar a liberdade aos pais, ao estabelecer a disciplina como obrigatória. Nela, o líder centrista — que recorre por diversas vezes ao caso da família de Famalicão — vê a imposição da “ideologia de género” e não a “liberdade” que Antónia Costa usa para justificar a existência na disciplina, propondo, por isso que esta seja de frequência facultativa como a de Educação Moral e Religiosa.
O líder do PS, “não crente”, acredita que a disciplina “é tão importante quanto outras disciplinas”, uma vez que “devemos respeitar a liberdade dos outros de serem felizes”. “Não podemos confundir as crenças religiosas com o que são os valores da nossa Constituição da República. É o nosso pacto social da nossa vida em comum, o respeito pela igualdade, respeito pela vida humana“, justificou.
O Estado (governado por uma corrente do PS) não respeita as diferenças de opinião das famílias que recusam a ideologia de género, que promove a confusão sobre a identidade de género nos alunos. A este propósito, consultar o artigo “Identidade de género ou ideologia de género?” (https://observador.pt/opiniao/identidade-de-genero-ou-ideologia-de-genero/). Esta ideologia até impõe a retenção (que defende ser excecional) dos alunos…
Mais um “Bolsonaro”!…