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Matéria transferida entre manto inferior e manto superior pode causar movimento nas placas tectónicas

Num estudo publicado na revista Nature em novembro de 2020, os especialistas apresentam evidências de que o surgimento de matéria vinda das profundezas da crosta terrestre pode estar a empurrar as placas tectónicas, fazendo com que os continentes se afastem mais.

O deslocamento glaciar lento dos oceanos acontece devido aos movimentos contínuos das placas tectónicas da Terra. As forças geofísicas profundas, que sustentam este fenómeno extenso, estão, contudo, longe de ser plenamente compreendidas.

Agora, uma equipa de investigadores pode ter identificado um dos principais fatores que contribuem para este processo.

O estudo mostra que, pelo menos na zona estudada, parece haver evidências de material a ser transferido do manto inferior para o manto superior, o que sugere que possa haver uma ligação entre a convecção do manto inferior e a convecção do manto superior.

Neste sentido, os autores do estudo acreditam que este material em ascensão poderá ser um motor importante para o movimento das placas tectónicas.

“Há uma distância crescente entre a América do Norte e a Europa, e não é impulsionada por diferenças políticas ou filosóficas. É causada pela convecção do manto!”, referiu Nick Harmon, um dos autores do estudo.

Para ter uma visão mais ampla dos processos complexos que ocorrem no fundo do Atlântico, a equipa instalou 39 sismómetros ao longo da dorsal mesoatlântica. Os instrumentos foram colocados no fundo do oceano em 2016 e passaram um ano a registar os terremotos antes de terem sido retirados em 2017.

”Este trabalho é empolgante e refuta suposições antigas de que as dorsais meso-oceânicas desempenham um papel passivo nas placas tectónicas, refere Mike Kendall, um dos autores do estudo.

As conclusões da pesquisa revelam várias interrupções de material do manto interior, e estas podem então estar a estimular a separação das Américas, Europa e África. Contudo, é importante lembrar que estes continentes estão assentes em placas tectónicas que se movem muito lentamente.

Segundo o SciTechDaily, as descobertas podem ajudar os cientistas a desenvolver melhores modelos e sistemas de alerta para desastres naturais, e como as placas tectónicas têm também impacto nos níveis do mar, afetam as estimativas das mudanças climáticas em escalas de tempo geológicas.

Ana Moura, ZAP //

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