Uma pintura do artista Peter Paul Rubens, considerada perdida durante duzentos anos e redescoberta em 1998, poderá estar entre as obras de arte antiga de maior valor alguma vez vendidas quando for leiloada, num evento que está agendado para janeiro de 2023 pela Sotheby’s.
A obra “Salome Presented With the Head of John the Baptist” data de 1609 e retrata a história da figura bíblica Salomé, conhecida por, perante a oportunidade de escolher uma recompensa, pedir a cabeça de João Baptista, estando avaliada em 31 milhões de libras (35 milhões de euros), avançou o Guardian.
Keith Christiansen, o curador emérito do Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, disse ao jornal que “é o tipo de pintura que, uma vez vista, não mais se esquecerá”.
Ao mesmo diário, o diretor da Sotheby’s, George Wachter, indicou que, apesar de não ser “avassaladora”, a obra em questão é “uma das pinturas mais poderosas que Rubens fez”. “Impressiona-nos totalmente assim que a vemos, tanto por causa do poder chocante do sujeito, como por causa do seu brilho técnico”, explicou.
O quadro é do mesmo ano que outra leiloada pela Sotheby’s em 2002, o “Massacre dos Inocentes”, na altura considerada a pintura clássica mais cara vendida em leilão, por 50 milhões de libras esterlinas (56 milhões de euros).
“Tal como o “Massacre dos Inocentes”, que bateu todos os recordes em 2002, é uma das pinturas-chave que Rubens fez em Flandres, depois do seu regresso de Itália. Explodindo com energia criativa, começou a trabalhar imediatamente naquelas que viriam a ser três das suas maiores obras-primas: o “Sansão e Dalila”, que está na National Gallery em Londres, o “Massacre dos Inocentes”, agora na Art Gallery of Ontario em Toronto, e esta pintura que iremos vender em janeiro”, referiu.
Segundo o comunicado da Sotheby’s, “Salome Presented With the Head of John the Baptist” faz parte de um grupo de dez obras da coleção de Rachel Davidson e Mark Fisch, que juntas “constituem um conjunto espetacular que traça o desenvolvimento do Barroco”.
Constituída por pinturas produzidas nos séculos XVII e XVIII, a lista incluí “obras-primas de Peter Paul Rubens, Orazio Gentileschi, Giovanni Francesco Barbieri (conhecido como Guercino) Valentin de Boulogne, e Bernardo Cavallino, entre outros”.
Keith Christiansen esclareceu ainda ao Guardian que “o que distingue a coleção de Fisch Davidson” das outras “é o nível sustentado de qualidade das pinturas”, combinado com “a vontade de abraçar temas poderosos que colecionadores menores possam achar “difíceis””.
“Não há nada de tímido nestes quadros. São pinturas barrocas que falam com uma voz contemporânea”, afirmou o curador do Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque, destacando a “dimensão psicológica” e o “toque dramático” de um “trabalho de pincéis brilhantemente descritivo”.